- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 14 anos
Discriminada por sua origem judaica, testemunha da ascensão de Hitler em seu país e feita prisioneira em um campo de concentração, de onde escaparia rumo aos Estados Unidos, a filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975) construiu uma consistente teoria política sobre o totalitarismo que, em larga medida, reflete sua própria experiência. Nesse sentido, é feliz a abordagem proposta pela dramaturgia de Marcia Zanelatto no documentário cênico em cartaz no CCBB. O texto não alça voos mais altos no desenvolvimento de dramas pessoais da protagonista, mas alcança notável harmonia entre episódios de sua biografia e a exposição de suas principais ideias. Essas ganham realce na direção sensível de Isaac Bernat, inseridas naturalmente em conversas de Hannah (Kelzy Ecard) — entre os seus interlocutores surgem a escritora e amiga Mary McCarthy, o filósofo Martin Heidegger, com quem teve um envolvimento amoroso, e, na cena mais comovente, uma moça judia incapaz de aderir a um dos principais conceitos elaborados pela pensadora, o da banalidade do mal. No elenco, Carolina Ferman sai-se bem nos papéis coadjuvantes femininos. Mais discreto nos personagens masculinos, Michel Robim também faz as vezes de narrador, inserindo movimentos de dança que sugerem a possibilidade do nascimento da beleza a partir da tragédia. Excelente como de hábito, Kelzy empresta apropriada mescla de austeridade, elegância e emoção
à sua Hannah. Estreou em 27/8/2015.