Carybé
Resenha por Rafael Teixeira
Argentino de nascimento, Hector Julio Paride Bernabó (1911-1997) veio com a família para o Rio no início da década de 20, e por aqui não apenas ingressou na carreira artística como escolheu o nome com que viria a assinar seus trabalhos e pelo qual se tornaria conhecido. Foi na Bahia, onde se radicou a partir dos anos 50, porém, que Carybé encontrou inspiração para uma fatia expressiva de sua obra, na qual representou costumes locais e o cotidiano ao retratar pescadores, vendedores ambulantes, capoeiristas, lavadeiras e prostitutas, além de temas religiosos. Vêm dessa última leva as cinquenta aquarelas exibidas em As Cores do Sagrado. Com curadoria de Solange Bernabó, filha de Carybé, a exposição reúne trabalhos produzidos entre 1950 e 1980, registros de vivências pessoais do artista nos terreiros de candomblé que frequentava. Com seu traço característico, leve e fino, entre o despojamento e a minúcia, o artista reproduziu com detalhes práticas que incluem os ritos de iniciação, festas e rituais fúnebres. Personagens típicos da religião surgem como se em croquis de moda e dividem espaço com ilustrações de utensílios usados em suas cerimônias.