Cássio Loredano
Resenha por Rafael Teixeira
Habituado a flanar pela cidade — sempre a pé, de táxi ou de ônibus, já que não tem carteira de motorista —, o artista empresta seu ilustre traço a cenas cariocas na mostra Rio, Papel e Lápis. Em 35 belos desenhos, todos em preto e branco, produzidos com grafite, nanquim, esferográfica e aquarela, o conceituado ilustrador retrata o chafariz do Mestre Valentim, o imóvel em Santa Teresa chamado de Casa dos Azulejos, o edifício do Museu de Arte Moderna, a fachada da Confeitaria Colombo, a sede do Botafogo e a do Fluminense, entre tantas outras paisagens. É uma oportunidade rara de ver o superlativo talento de Loredano, colaborador de importantes veículos da imprensa mundial, mais conhecido por suas caricaturas, a serviço de outro tipo de trabalho. Curiosamente, ele foge dos clichês de natureza atribuídos à cidade e investe em obras do engenho humano. Para além da sofisticação do traço, singular em sua harmonia entre detalhismo e despojamento, chama atenção a completa ausência de pessoas nas ilustrações, valorizando ainda mais a beleza das construções.