Clash
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Mesmo ambientado todo dentro de um camburão, Clash, com direção segura e estupenda, deixa a plateia aflita em seus 97 minutos de duração. A trama mostra um dia de 2013 quando conflitos puseram em lados opostos os partidários da Irmandade Muçulmana e dos militares que tomaram a Presidência. O drama começa com a prisão de um repórter e de um fotógrafo que estavam a trabalho no momento das manifestações. Logo depois, a dupla terá como companhia, dentro de um caminhão com grades, os ativistas rivais. Daí em diante, o roteiro revela como as diferenças políticas podem ser pequenas (e até ridículas) em um espaço diminuto. O ódio vira solidariedade e a tragédia até ganha um reforço de humor involuntário. Permanecem, contudo, a tensão, o medo e o desespero diante do inesperado. Com uma câmera inquieta, o diretor Mohamed Diab (de Cairo 678) capta o interior das pessoas e o exterior de um país em convulsão. Direção: Mohamed Diab (Eshtebak, Egito/França, 2016, 97min). 14 anos.