It — A Coisa
Os meninos e meninas do terror It — A Coisa poderiam ter saído de um almanaque dos anos 80: são feras no fliperama, usam pochete, curtem os sustos de Freddy Krueger… Muito possivelmente leem os best-sellers de Stephen King, fenômeno pop da época e autor do livro de 1986 que inspira esta adaptação. A mistura de horror e nostalgia, em tramas de congelar a espinha, era irresistível. Transpor o estilo do escritor para o cinema exige pulso firme e olhar terno, qualidades conjugadas por poucos diretores. Andy Muschietti, de Mama, não está entre os mais completos: na adaptação da história de um grupo de petizes atormentados pelas aparições de um palhaço cruel, ele se sai melhor narrando a relação de cumplicidade entre amigos como o gago Richie (Finn Wolfhard) e a inquieta Beverly (Sophia Lillis) que construindo cenas tensas. O ótimo vilão Pennywise (Bill Skarsgard), despertado pelos medos de suas traumatizadas vítimas juvenis, merecia uma atmosfera mais densa e aflitiva. No meio do caminho entre o seriado Stranger Things e o drama Conta Comigo, o filme fica devendo uma visão mais original da obra de King, embora dê à plateia o que ela deseja: uma Sessão da Tarde endiabrada. Direção: Andy Muschietti (It, EUA, 2017, 135min). 16 anos.