A imagem acima vem da cena de abertura de La La Land — Cantando Estações. Nela, motoristas presos no trânsito de Los Angeles saem do carro para contemplar mais um dia de sol. Detalhe: eles cantam, dançam e fazem coreografias em cima dos capôs. Se a descrição da sequência causou estranheza, é melhor procurar outro programa. Grande vencedor do Globo de Ouro (com sete prêmios) e apontado como favorito ao Oscar, o segundo longa-metragem do diretor prodígio Damien Chazelle, de apenas 31 anos, é uma celebração dos musicais. E que celebração! Com referências aos sapateados de Fred Astaire e Ginger Rogers e até aos modernos West Side Story e Moulin Rouge, La La Land narra a história de amor de Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling). Aspirante a atriz, ela trabalha num café e batalha em testes para conseguir um papel num filme. Ele se mostra um pianista retrô, apegado ao jazz tradicional, que, por não ter dinheiro para abrir a própria casa noturna, se obriga a tocar canções natalinas num restaurante. Ambos têm sonhos numa cidade moldada para os persistentes. Chazelle, então promissor realizador de Whiplash, supera as expectativas. Sem um pingo de pretensão e bastante ousado em sua arrebatadora proposta visual, o cineasta (e também roteirista) faz deslizar seus personagens por locações em Los Angeles, sempre escapando do óbvio, do vulgar, do tédio. Esfuziante e melancólico, o filme combina, perfeitamente, risos e lágrimas, realidade e fantasia, clássico e contemporâneo, imagens e sons. Casamento tão original, criativo e harmonioso é uma espécie rara em Hollywood e, não à toa, La La Land merece a cotação máxima. Direção: Damien Chazelle (La La Land, EUA, 2016, 128min). Livre. Estreou em 19/1/2017.