- Duração: 70 minutos
- Recomendação: 12 anos
O Pastor é um projeto curioso. Não se trata de um drama, apesar do que sugere o tom de algumas passagens. Tampouco é uma comédia, em que pesem seus diversos momentos cômicos. Um possível rótulo seria o de teatro documental. No papel, o texto de Daniel Porto poderia passar por uma transcrição do ocorrido em um culto de uma igreja evangélica. A direção de Carina Casuscelli se irmana com a proposta e, mesmo recorrendo a certas intervenções cênicas (como a trilha sonora ou as projeções), busca dar a sensação de que se está em um culto real. Quem comanda esse simulacro é o pastor Antônio (Alexandre Lino, ótimo), dividindo a cena (ou a igreja?) com uma obreira (Kátia Camello, responsável pela maioria das risadas da plateia) e um fiel (Cesario Candhí). A ausência de uma dramaturgia convencional pode soar insólita à primeira vista, mas o público embarca. Descolada a celebração religiosa de seu contexto, os aspectos mais duvidosos do ritual, como o recolhimento do dízimo e a sessão de exorcismo, soam comicamente grotescos. Na falta de uma história, porém, não há um juízo de valor explícito: cabe ao espectador refletir sobre o que viu.