Pouco afeito ao gênero, o cinema nacional raras vezes acertou no terror em sua filmografia. Existem exceções, claro, como Trabalhar Cansa (2011) e Quando Eu Era Vivo (2014), para não ir muito longe. O Rastro mostra-se um criativo exemplar. Na trama, um hospital público carioca em decadência está para fechar as portas, e o doutor João (Rafael Cardoso) fica responsável pela transferência dos pacientes. Ele tem especial cuidado com uma garota órfã que, misteriosamente, desaparece após a remoção dos doentes. Numa jornada obsessiva para saber o paradeiro da menina, o médico vai descobrindo os podres de seus colegas corruptos. Há toques sobrenaturais, mas o roteiro enfatiza que o terror reside, mesmo, no precário sistema de saúde brasileiro. Embora tenha alguns exageros (afinal, trata-se de uma ficção), o filme se destaca pelo sopro de renovação e pela formidável direção de arte, que reproduz um ambiente hospitalar fantasmagórico. Direção: J.C. Feyer (Brasil, 2016, 90min). 14 anos.