Com a mesmice reinando na comédia nacional, a comédia é um oásis no deserto. Tatá Werneck faz sua primeira protagonista no cinema em uma trama de humor singular que, tomara!, caia no gosto do grande público. Estreantes, os diretores (e também roteiristas) Paulinho Caruso e Teodoro Poppovic ganham pontos na mistura muito azeitada de drama, sátira e romance brincando com os clichês destes e de outros gêneros. O resultado foge do convencional e do burocrático, acerta no tom com pouco apelo à vulgaridade (há palavrões em excesso, por exemplo). Em papel questionador, Tatá interpreta a atriz Kika K., uma estrela da TV, superexposta na mídia, que embarca numa crise profissional após a morte de um ghost writer (não convém revelar detalhes). Daniel Furlan, boa surpresa do elenco, atua como o atendendente de uma livraria e faz par romântico com Tatá em química cômica perfeita. Outro acerto está nas aparições de Ingrid Guimarães, interpretando a si mesma. As brincadeiras atingem desde publicidades constrangedoras até telenovelas futuristas no estilo Mad Max. Sem cair na armadilha de querer agradar as plateias, o desfecho surpreende e faz mais uma provocação esperta. Direção: Paulinho Caruso e Teodoro Poppovic (Brasil, 2017, 105min). 14 anos.