Zama guarda parentesco com o brasileiro Joaquim (sobre Tiradentes). Em seu quarto longa-metragem, a superestimada diretora argentina Lucrecia Martel (de O Pântano) se volta ao século XVII e, inspirada no livro de Antonio Di Benedetto, traz a trajetória do protagonista-título. Zama (Daniel Giménez Cacho), corregedor espanhol, trabalha para a Coroa numa aldeia do Paraguai, mas quer ser transferido para Buenos Aires a fim de reencontrar a família. O tempo passa e sua situação não muda. Há pouca ação no cinema de Lucrecia. Sua ambição, aqui, é mostrar as consequências da colonização na América do Sul. O registro, então, se vale de uma espiada aguda num microcosmo também povoado por escravos e índios. Privilegiando o exercício narrativo lento e autoral, a realizadora dá seu recado — para poucos. Direção: Lucrecia Martel (Argentina e mais dez países, 2017, 115min). 14 anos.