10 livros para entender a obra de Marina Colasanti, morta aos 87 anos

Autora de mais de setenta títulos publicados, a escritora passeou pelo romance, crônica, conto, poesia e ensaio, e ganhou nove vezes o Prêmio Jabuti

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 jan 2025, 17h19
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Marina Colasanti: escritora, que morreu aos 87 anos, publicou mais de 70 livros (Alessandra Colasanti/Divulgação)
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Morreu, aos 87 anos, na madrugada desta terça (28), a escritora Marina Colasanti. Ela estava em sua casa, em Ipanema. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório será no Parque Lage, onde a escritora morou de 1948 a 1956 (a lugar pertencia, na época, à cantora lírica Gabriella Besanzoni, sua tia-avó). A cerimônia será restrita a familiares e amigos, das 9h às 12h desta quarta (29).

Autora de mais de setenta livros, para crianças e adultos, Marina passeou pelo romance, crônica, conto, poesia e ensaio. Ganhou nove vezes o Prêmio Jabuti, uma das mais importantes premiações de literatura do país. Em 2023, ela se tornou a décima mulher a conquistar o cobiçado Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL).

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Também jornalista e tradutora, era casada, desde 1971, com o poeta Affonso Romano de Sant’Anna, de 87 anos, que em 2017 foi diagnosticado com Alzheimer. Com ele, teve duas filhas: a tradutora Fabiana Colasanti, que morreu em 2021, em decorrência de um câncer, e a atriz, roteirista e diretora Alessandra Colasanti, mãe de seu único neto, Nuno, de 4 anos.

Marina Colasanti nasceu em 26 de setembro de 1937, na cidade de Asmara, capital da Eritreia, então colônia italiana. Passou parte da infância em Trípoli, na Líbia, e na Itália. Com as dificuldades na Europa no pós-Segunda Guerra, sua família emigrou para o Brasil em 1948, indo morar no Rio de Janeiro.

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Veja alguns dos livros que ajudam a entender a obra da escritora:

1. Eu Sozinha (1968)

A primeira obra publicada fala da solidão como companheira, desde o nascimento na África até o tempo presente num apartamento em Ipanema. Com duas narrativas paralelas, o livro mostra a solidão de uma mulher jovem que caminha só, mora só, viaja só, trabalha só, mesmo quando há ao lado a ilusão dolorosa de outras proximidades.

2. Uma Ideia Toda Azul (1979)

Primeiro livro infantil da escritora, traz dez contos com personagens como reis, rainhas, princesas, príncipes, unicórnios, gnomos, cisnes e fadas, abordando temas universais como sonhos, fantasias, medos, desejos, luto, saudade e outros sentimentos sempre presentes na alma humana.

3. Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento (1982)

Uma das publicações mais conhecidas da autora, traz treze contos com personagens que habitam lugares distantes, em outros tempos, porém buscam, como as pessoas de hoje, a liberdade, a justiça, o amor, o sonho, a própria identidade. O livro traz ilustrações em preto e branco, feitas pela autora com a técnica de gravura em metal.

4. Contos de Amor Rasgados (1986)

Em textos de prosa poética, Marina aborda as tensões existentes nas relações de gênero ao adentrar os misteriosos domínios do relacionamento amoroso. Do homem com remorso depois da traição ao rompimento sem entendimento, do silêncio de um casamento ao beijo que esconde a dor, a autora mostra angústias, temores e ansiedades que acompanham a paixão.

5. Rota de Colisão (1993)

O livro traz poemas que são reflexões de uma mulher que vê a meia-idade chegar com todas as suas consequências. A escritora vai colecionando poemas de todas as etapas da vida de uma mulher. Entre os poemas, está um de seus mais famosos, Hematoma da Infidelidade. Com este título, a autora ganhou o Prêmio Jabuti.

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6. Eu Sei, Mas Não Devia (1996)

Também vencedor do Jabuti, o livro é uma coletânea de crônicas sobre temas como o amor, a sociedade de consumo, as injustiças e a velocidade do tempo. Tem aquele que provavelmente é o texto mais conhecido da autora: o que dá título à obra, escrito durante a ditadura militar e que fala sobre como nos acostumamos às coisas ruins.

7. 23 Histórias de Um Viajante

Com medo da violência sofrida por seus antepassados, um jovem príncipe passou grande parte de sua existência isolado e cercado por muralhas. A chegada de um estrangeiro em suas terras, no entanto, desperta nele o desejo de acompanhá-lo, sair de seu mundo e percorrer outros lugares. Entremeado por ilustrações da própria autora, o livro pode ser lido como uma série de contos ou como um romance unido pelo fio que liga todas as histórias.

8. Minha Guerra Alheia (2010)

Filha de um simpatizante do fascismo, a escritora nasceu em Asmara, na Etiópia (então Eritreia, colônia italiana), e viveu ainda em Trípoli, na Líbia, antes de voltar para a Itália, quando eclodiu a Segunda Guerra, em 1939. Nove anos depois, em 1948, enquanto a Europa buscava se reerguer, sua família veio para o Brasil. Nesta publicação, ela une suas lembranças a um intenso trabalho de pesquisa para traçar, por meio da saga familiar, o retrato de uma época e do conflito que abalou o mundo.

9. Mais Longa Vida (2020)

Neste livro, escrito em 2016 e só publicado quatro anos depois, em meio à pandemia da Covid-19, a artista parte de lembranças pessoais para construir uma poesia que trata de temas como família, amor, perdas, viagens e saudade, convidando o leitor à reflexão.

10. Vozes de Batalha (2021)

Marina Colasanti traça um panorama da sociedade carioca das décadas de 1920 a 1940, a partir da história do casal Henrique Lage e Gabriella Besanzoni. Ele, brasileiro e um dos maiores magnatas de nossa história, grande empreendedor e responsável por avanços significativos na infraestrutura do país em seu tempo. Ela, italiana e cantora lírica, contralto de enorme sucesso na Europa e na América Latina. Juntos, moldaram o círculo social e cultural da então capital do Brasil, vivendo naquele que hoje é um dos cartões-postais mais emblemáticos do Rio: o Parque Lage, à época Quinta Gabriella, palacete construído por Henrique para sua amada. Marina, sobrinha-neta de Gabriella, mudou-se para o Brasil — e para o palacete — em 1948. Para ela, este livro era o cumprimento de uma promessa nunca feita, seu testemunho de gratidão a Gabriella Besanzoni.

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