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Achille Mbembe: “Tecnologia não pode reforçar racismo e violência”

Em sua primeira vez no Rio, o filósofo camaronês, um dos maiores pensadores da atualidade, fez uma das palestras mais concorridas do Rio Innovation Week

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 out 2023, 16h42 - Publicado em 5 out 2023, 15h19
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  • Em sua primeira vez no Rio, o filósofo camaronês Achille Mbembe, um dos maiores pensadores da atualidade, fez uma das palestras mais concorridas do Rio Innovation Week, nesta quinta (5), atraindo uma multidão. Atualmente, ele se dedica aos efeitos das novas tecnologias e à questão da emergência climática.

    “Estamos entrando em uma era de neo-utilitarismo que demonstra o triunfo das ferramentas sobre o sentido, empobrecendo, assim, nossa capacidade de produzir o simbólico. Essa é uma das preocupações que queria compartilhar com vocês. Levanto então uma questão: até que ponto é possível reinventar as novas tecnologias para que elas aumentem nossas capacidades de produzir sentido e ciência?“, indagou.

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    “Mais chocante é o fato do que está acontecendo em uma época em que a tecnologia desempenha um papel cada vez mais desproporcional, remodelando a vida política e as subjetividades em nossas identidades, especialmente nas sociedades democráticas”, afirmou também o pensador.

    Mbembe criou o termo necropolítica, que significa o uso do poder político e social, principalmente pelo Estado, para determinar, por meio de ações ou omissões (como regiões violentas e/ou condições de vida precárias, por exemplo), que grupos sociais devem permanecer vivos ou morrer. As novas tecnologias muitas vezes também são usadas para isso.

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    Atualmente se dividindo entre a França e a África do Sul, onde é professor na Universidade de Joanesburgo, ele teve participação fundamental na recente cúpula África-França, que debateu as feridas expostas na relação entre o país e o continente africano.

    Achille Mbembe é um dos principais nomes do pensamento decolonial no mundo hoje e defende que devemos construir um novo paradigma de humanidade a partir da cultura e dos valores dos povos periféricos do mundo, como, por exemplo, os povos indígenas e negros. Entre os seus livros traduzidos para a língua portuguesa, estão Crítica da Razão Negra e Necropolítica.

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    O filósofo, historiador e cientista político veio ao Rio Innovation Week a convite da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia, por meio da secretária Tatiana Roque, que fez a abertura de sua palestra. Ele foi convidado para o espaço Impact for Change, da secretaria, mas, devido ao grande apelo de sua presença, sua apresentação aconteceu no palco principal do evento.

    O Impact for Change é voltado para uma reflexão sobre o impacto das tecnologias na sociedade e de que forma elas podem servir para reduzir as desigualdades sociais. “Achille é um pensador que aborda essa questão com uma visão inédita. Ele reflete criticamente sobre os impactos da tecnologia, onde estamos e para onde deveríamos ir com elas”, comentou Tatiana Roque.

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