Na segunda-feira de Carnaval, 12 de fevereiro, Ailton Graça promete fazer uma loucura daquelas que só os apaixonados por samba são capazes: vai acompanhar os desfiles das escolas de São Paulo, onde preside a Lavapés Pirata Negro, e, logo em seguida, pegará um carro rumo à Marquês de Sapucaí. Com sorte, chegará a tempo de encontrar a Mangueira ainda na concentração na madrugada de terça, vestindo a camisa da ala dos compositores. “Eu me encantei pela Verde e Rosa ao ver o Mussum declarar na TV o amor dele por ela. Eu nem tinha pisado no Rio e já me considerava mangueirense”, conta Ailton, que recebeu o Kikito de melhor ator no Festival de Gramado por interpretar Antônio Carlos Bernardes Gomes, o cativante trapalhão nas telonas. Mussum, o Filmis bateu recorde de bilheteria e teve a melhor estreia do cinema brasileiro em 2023, arrecadando 2 milhões de reais no primeiro fim de semana de exibição.
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Aos 59 anos, o ex-funcionário público e mestre-sala encarou o primeiro protagonista da carreira — fruto, segundo ele, do que semeou em mais de três décadas. “Mussum me ajudou a enfrentar o racismo. Ele abria um sorriso em situações de intolerância, debochava de quem tentava diminuí-lo. Eu adotei isso na minha vida”, reconhece o ator paulistano, que se divide entre Rio e São Paulo. “Ser carioca é um estado de espírito. Aqui a vida tem um ritmo mais leve, sempre há tempo para um bate-papo informal sobre assuntos do cotidiano. Em São Paulo, só se fala de trabalho”, compara.
Na Cidade Maravilhosa, quando não está gravando ou ensaiando para o Carnaval — foi diversas vezes destaque no Salgueiro —, Ailton Graça não perde o Samba do Trabalhador, comandado por Moacyr Luz às segundas, os batuques na Pedra do Sal e a tradicional Feira das Yabás, em Madureira. Mais da gema impossível.
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