“Temos a responsabilidade de participar da vida pública”, diz roteirista
Co-fundadora da rede Nossas Cidades, Alessandra Orofino mobilizou campanha para incentivar a participação política dos jovens
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, menos da metade dos jovens cariocas de 16 e 17 anos tirou o título de eleitor para votar no pleito que se avizinha. Para tentar conscientizá-los sobre a importância da participação na política, a ONG Nossas Cidades lançou a campanha “Cada Voto Conta”, que ajuda os adolescentes a se organizarem para obter o título e oferece prêmios àqueles que fizerem mais colegas irem atrás do documento. Por trás desta e de tantas outras iniciativas com o objetivo de aproximar a população das decisões públicas está a roteirista e diretora Alessandra Orofino.
“Temos a responsabilidade e o direito de participar da vida pública, e isso vai muito além do período eleitoral”, enfatiza ela, que começou os trabalhos com viés social em 2011. De lá para cá, vários municípios se interessaram pela frenética atividade de Alessandra, que se envolveu diretamente na seleção e na capacitação de lideranças capazes de replicar seu trabalho Brasil afora — e eis que assim nasceu a rede Nossas Cidades, presente em outros sete cantos do país, incluindo São Paulo e Manaus.
“Temos a responsabilidade e o direito de participar da vida pública, e isso vai muito além do período eleitoral”
Em território carioca, foram muitas as ações desenvolvidas ao longo da última década. As mais recentes incluem o auxílio-camelô, que pressionou a prefeitura a ajudar os ambulantes depois do cancelamento do Carnaval de rua, além de uma ampla campanha de arrecadação de fundos para a família do jovem congolês refugiado Moïse Kabagambe, brutalmente assassinado no quiosque em que trabalhava, na Barra. Em uma semana, foram arrecadados quase 80 000 reais.
Com tantas frentes abertas — que abrangem o campo ambiental e as políticas de gênero —, Alessandra foi condecorada em abril com o prêmio Skoll Awards for Social Entrepreneurship, da Skoll Foundation, uma espécie de Oscar do terceiro setor. “Foram dois anos de muita investigação por parte dessa instituição internacional, então é uma confirmação da seriedade do nosso trabalho”, comemora a ativista, de 33 anos, moradora da Urca e frequentadora das melhores rodas de samba do Rio.
Paralelamente, Alessandra ainda acha tempo para fazer cinema e TV — ela é diretora do programa Greg News, apresentado pelo ator e humorista Gregório Duvivier. “Minha paixão é ver a mudança no mundo e o audiovisual é uma ferramenta muito potente para isso”, conclui a incansável inventora de projetos em prol do bem comum.