“É proibido ter jurado preto?“, perguntou no Twitter a cantora Teresa Cristina, após assistir ao julgamento ao vivo das escolas de samba do Carnaval 2023. E a jornalista Flávia Oliveira, em ironia fina, respondeu: “Deve estar nas letras miúdas do regulamento“. A discussão pertinente foi aberta e fez barulho na quarta (22), nas redes sociais, com a postagem de Teresa alcançando mais de 365 mil visualizações, centenas de compartilhamentos e 200 comentários em menos de 24 horas.
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Assim como a cantora Maria Rita, que entrou no papo para dizer que já se fez a mesma pergunta, gente do todo o Brasil apareceu para apontar a incoerência de uma festa essencialmente negra, com enredos versando sobre a cultura negra na história do país, ser julgada por maioria de brancos entre os 36 jurados, e muitos deles sem ligação profissional com o Carnaval.
“Ao que tudo indica, é proibido ter jurado preto e tecnicamente formado para julgar. Me botaram uma farmacêutica para analisar enredo e um administrador de empresas para a bateria. Não tem lógica”, opinou Igor Costa, mestre em Ciência Política.
Houve quem lembrasse que os carnavalescos também são brancos na maioria, contando histórias de pretos, e uma polêmica recorrente surgiu, lembrando que bailarinos do Teatro Municipal são julgadores de passistas.
“São designers de moda e joias, bailarinos clássicos… Não sei se tais quesitos tão eurocêntricos os habilita para julgar esta festa popular. Pronto, falei”, escreveu a atriz e escritora Elisa Lucinda.