A primeira Exposição Nacional de Arte Abstrata no Brasil tomou forma em um cenário peculiar. Trabalhos de nomes como Lygia Clark, Ivan Serpa e Fayga Ostrower foram exibidos no interior de um dos maiores hotéis-cassinos da América Latina, em Petrópolis. O ano era 1953, e uma jovem carioca de apenas 20 começou a obter ali merecido reconhecimento.
Tantas décadas depois, as obras de Anna Bella Geiger acabam de regressar ao Palácio Quitandinha, em uma mostra para celebrar a história do lugar, desta vez com uma sala inteira em sua homenagem. “Sinto como se estivesse de volta àquela época”, revela a artista, que segue em plena atividade no auge de seus 90 anos. Só em 2023, ela participou da 22ª Bienal Sesc Videobrasil, em São Paulo, entrou em cartaz na galeria Marlborough, de Barcelona. Ainda integrou uma coletiva na Gentil Carioca e ganhou uma individual na Danielian, ambas no Rio.
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Este também foi o ano em que Anna retomou as aulas presenciais na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, atividade que muito lhe traz prazer, suspensa desde a pandemia. “Gosto de estar em contato com os jovens para ver como eles estão entendendo o presente. É um espaço para dividir conhecimento, mas também conversar e falar besteira”, conta ela, fã de talentos da atualidade como Panmela Castro e Maxwell Alexandre. Para 2024, já tem exposição fechada em Madrid e vai assinar os cartazes do torneio mundial de tênis Rio Open.
A artista segue trabalhando no ateliê montado em sua cobertura no Flamengo, onde mora com o marido, o geógrafo Pedro Geiger, de onde veio a inspiração para a sua famosa série de obras cartográficas. Ele completou 100 anos em março, com direito a festança de aniversário para os dois. O segredo de tanta longevidade? “Muita vontade de viver, mesmo em meio às adversidades. Em um país como nosso, resiliência deve ser a palavra-chave”, ensina.
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