A pandemia impôs a professores e alunos um desafio como nunca antes: ensinar e aprender a distância. Foi nesse ambiente de intensa sacudida que plataformas de educação on-line deram um salto inédito — caso do Descomplica, hoje o maior do Brasil. Fundado há uma década pelo professor de física Marco Fisbhen, 43 anos e egresso da Tijuca, o negócio começou de forma caseira — ele gravava aulas em vídeo em casa e colocava na internet.
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A ideia surgiu de sua própria trajetória de vida: aluno de escola pública, cursava engenharia de produção e dava concorridas aulas em um cursinho pré-vestibular caro, quando sentiu falta de uma solução mais acessível. “Não é justo que você tenha de pagar tanto para entrar em uma faculdade pública”, diz. O desafio maior era alcançar cada vez mais gente e produzir bom material — o que ele conseguiu com sua edtech, atualmente com 4 milhões de inscritos no canal de YouTube e cerca de 300 000 alunos matriculados entre o curso preparatório para o Enem e os braços de graduação e pós (lançados em 2020 com parte presencial). As mensalidades, a partir de 20 reais, são coerentes com o lema impresso na parede do escritório: “Aprender é pra todos”.
A plataforma, que já recebeu aportes de 117,5 milhões de dólares de investidores como Softbank, Chan Zuckerberg (fundo do Facebook) e do guitarrista The Edge, do U2, alcança mais de 2 milhões de pessoas por mês com aulas pré-gravadas e ao vivo, monitorias, simulados, fóruns, posts e download de e-books grátis — tudo embalado com linguagem dinâmica e interativa, constantemente atualizada por redes sociais como TikTok.
Eis um aperitivo: no lugar da tradicional imagem de um vetor no quadro, Marco e outro professor de história saltaram de paraquedas com uma GoPro enquanto falavam sobre peso e resistência em queda livre e sobre a brigada paraquedista na II Guerra Mundial.
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Neste ano, o Descomplica selou parcerias com grandes empresas como o Nubank, que financia uma iniciativa para treinamento de 10 000 mulheres na área de desenvolvimento. “Quero bater 1 milhão de alunos simultaneamente e entender o que mais posso fazer pela educação dos brasileiros”, afirma. Palavra de mestre.