O cenário de emergência sanitária que levou à criação da Fiocruz, em 25 de maio de 1900, voltou a mobilizar todos os esforços no ano de seu 120º aniversário. No início, os inimigos eram a peste bubônica e a febre amarela. A vez agora é da Covid-19. Diante de um dos maiores desafios de sua história, a instituição tem pela primeira vez uma mulher na presidência.
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Carioca, 62 anos, Nísia Trindade Lima é mestre em ciência política e doutora em sociologia. A intensidade de sua rotina desde o princípio da pandemia pode ser medida pelo número de ações voltadas para o enfrentamento da crise. A criação de um hospital no câmpus de Manguinhos, o sequenciamento genético do novo coronavírus, a validação e o desenvolvimento de kits de testagem e os preparativos para a produção da vacina são apenas as iniciativas mais vistosas. “O trabalho é permanente e a responsabilidade, grande. Num ano de tantas perdas, de tanto medo, não podemos criar falsas expectativas, mas devemos apontar caminhos”, frisa a presidente.
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Em 3 de dezembro, na presença do governador do estado e do ministro da Saúde, a presidente da Fiocruz assinou a escritura definitiva do terreno onde está sendo construído o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, em Santa Cruz. “A Fiocruz vai ganhar escala na produção de vacinas e medicamentos, este será o maior empreendimento em biotecnologia na América Latina”, dimensiona. Nísia Trindade chegou à Fiocruz em 1987, durante a gestão do sanitarista Sergio Arouca (1941-2003).
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Foi diretora da Casa de Oswaldo Cruz, unidade de pesquisa e memória, comandou a Editora Fiocruz e ocupou a vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação. Sempre militou pela produção de conhecimento em benefício da população. “Tenho afinidade com essa maneira contemporânea de fazer ciência, de forma aberta, pensando na sua comunicação com a sociedade”, observa.
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No acordo de encomenda e transferência de tecnologia da vacina de Oxford, firmado com a empresa AstraZeneca através do Ministério da Saúde, a Fiocruz deve receber o ingrediente farmacêutico ativo para a produção do imunizante em janeiro. “Temos a perspectiva de entregar 30 milhões de doses no fim de fevereiro”, avisa. Reconhecida por seus pares, Nísia acaba de acrescentar mais um item à vasta biografia: foi eleita membro da Academia Brasileira de Ciências.