Diz um antigo provérbio africano: “Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador”. Quando se viu em meio a discussões sobre o protagonismo racial no cinema, o ator Fabricio Boliveira, 39 anos, logo resgatou o aforismo, lembrado pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano no conto A Desmemória.
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A ideia nele embutida embalou, no início do ano, a criação do projeto Elenco Negro, que busca fortalecer a presença desses profissionais no mercado audiovisual. Através das plataformas digitais, Boliveira fez uma espécie de portfólio virtual, em que atores e atrizes podem se cadastrar gratuitamente e exibir seus trabalhos, além de prestar ajuda na elaboração do material de divulgação e no contato com produtores e diretores.
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“É uma forma de jogar luz nesses artistas, revelar novos talentos e, ao mesmo tempo, fornecer ferramentas para que se preparem para as demandas do streaming e a retomada do mercado no pós-pandemia”, explica.
“A representatividade ainda está mais no desejo do que na prática. Precisamos construir caminhos para que os artistas negros possam crescer”
A iniciativa foi inspirada em um relevante trabalho realizado por Zezé Motta nos anos 1990, o Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro, que Boliveira reconhece ter feito toda a diferença em sua carreira e na de vários colegas. Não por acaso a atriz tornou-se madrinha do atual projeto, que já conta com quase 600 inscritos do Rio, alguns deles apadrinhados por nomes consolidados, como Ailton Graça, Rodrigo França e Babu Santana.
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“A representatividade hoje ainda está mais no desejo do que na prática. Precisamos construir caminhos para que artistas negros possam crescer e consolidar sua participação na indústria de forma efetiva e nos mais diferentes espaços”, frisa Boliveira, que também encabeçou, em 2021, o CDF — Cinema do Futuro, curso gratuito voltado para jovens negros, indígenas, transexuais e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
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