Uma vez por mês, a equipe do Hemorio, no Centro, aguarda ansiosamente os artistas que chegam lá para mudar o clima do centro médico. Diante da dura natureza do trabalho médico, eles vão rir, cantar e brincar junto com os funcionários e os pacientes que lutam contra doenças hematológicas, como leucemias e linfomas. Essa trupe integra o Conexão do Bem, projeto criado há dez anos para levar teatro e música a hospitais públicos do Rio por meio de leis de incentivo.
“Vemos o impacto que isso causa. Algumas pessoas passam a comer melhor, outras têm a medicação para dor diminuída após as apresentações”, conta o idealizador Felipe Haiut, estrela da peça Selvagem, que fez sucesso na cidade no ano passado e sairá em turnê nacional. A ideia surgiu depois de uma viagem que o ator fez para Israel, quando participou de um curso da chamada palhaçoterapia. “Perceber esse caráter transformador da arte me deu um novo sentido”, diz.
“O hospital não é um lugar de doença, mas sim de produção de saúde. Nosso trabalho fornece mais ferramentas para que esse objetivo seja alcançado”
Além do Hemorio, hoje fazem parte do circuito os hospitais federais de Bonsucesso, do Andaraí e da Lagoa. A turma passa por cada andar, desde o ambulatório e a emergência até áreas administrativas e a ala de pediatria, onde as visitas costumam virar uma festa. Neste mês, apresentaram a temporada carnavalesca. “O que se passa na cidade precisa também entrar no hospital, daí quebramos essa quarta parede e adaptamos os temas a cada momento”, explica Haiut.
A ideia para 2024 é chamar mais artistas para o grupo e dobrar o número de centros médicos visitados. “Queremos chegar a todos os cantos do Rio”, planeja o ator, que lembra, emocionado, do dia em que um paciente com severos problemas de fala conseguiu cantar a seu lado a música Por Você, da banda Barão Vermelho.
“O hospital não é um lugar de doença, mas sim de produção de saúde. E nosso trabalho fornece mais ferramentas para que esse objetivo seja alcançado”, resume. A arte também salva.
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