Seja na filosofia, seja nas religiões indianas, o carma é uma espécie de lei universal de causa e efeito. Em outra área do saber, o físico Isaac Newton (1643-1727) enunciou que toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade. Pois é nesse caldo que atua o carioca Taz de Alencar, pregando a ideia de que uma gentileza pode trazer um bom retorno a quem a pratica.
Inspirado pelos trabalhos voluntários que prestou durante seus anos de formação, percorrendo cidades americanas e europeias com os seus pais, ele idealizou um projeto que pudesse recompensar iniciativas positivas entre amigos. Assim, em 2018, enquanto cursava faculdade de cinema, em Los Angeles, foi lançada a startup magikk (assim mesmo, com dois “k” e letra minúscula).
A empresa distribui a filantropos de todos os calibres um tipo de moeda digital — o karma, grifado com a letra k —, que pode ser usada para comprar produtos e experiências. “Queria gerar um impacto sem a pretensão utópica de salvar o mundo”, diz o jovem empreendedor, de 28 anos.
“Nosso objetivo é facilitar atitudes que possam ser incluídas na rotina de qualquer um”, explica. E vale de tudo para acumular os tais créditos: desde doação de livros e caronas compartilhadas até participar de mutirões para a limpeza de praias.
“A pandemia trouxe um forte senso de responsabilidade social, tanto para empresas quanto para os indivíduos”
Dois anos depois de fundado o projeto, já de volta ao Rio, Taz decidiu adaptá-lo e aprimorá-lo. “Lançamos o aplicativo quando Donald Trump fechou as fronteiras dos Estados Unidos e a Covid-19 estava avançando mundo afora, em março de 2020”, lembra. Foi então preciso “pivotar” — expressão do mundo do empreendedorismo que significa mudar o modelo de negócios.
“Passamos a também gratificar doações financeiras”, conta. Desde o lançamento, foram arrecadados mais de 280 000 reais — número que se soma a outros que dão a dimensão do alcance da magikk. São 6 000 usuários da plataforma que colocaram em circulação mais de 320 000 karmas.
O planeta agradece: quase 3 toneladas de lixo foram recolhidas e 700 quilos de alimentos não perecíveis, distribuídos. Hoje, são mais de sessenta marcas parceiras à disposição dessa vasta rede de colaboradores — é possível gastar a moeda no site e em uma loja física na Barrinha, incluindo artigos que vão desde cervejas artesanais até roupas de grife.
“A pandemia acelerou o processo de digitalização e trouxe um forte senso de responsabilidade social, tanto para empresas quanto para os indivíduos”, afirma Taz, cuja boa ação facilitou o engajamento. Um belo carma, diga-se de passagem.
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