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Finalmente! Após boicote de Bolsonaro, Chico Buarque recebe Prêmio Camões

"Conforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões", disse o artista em seu discurso, em Portugal

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 abr 2023, 17h38
Chico Buarque é branco, tem cabelo grisalho. Ele usa terno escuro com gravata amarelo-clara e está lindo um discurso com um leve sorriso no rosto.
Chico Buarque: artista finalmente recebe prêmio, quatro anos depois de ter sido escolhido como ganhador (YouTube/Reprodução)
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Quatro anos depois de ter sido escolhido para ganhar o Prêmio Camões, maior premiação de literatura da língua portuguesa, Chico Buarque finalmente pôde receber a honraria. Isso porque Jair Bolsonaro se recusou a assinar a documentação necessária para que o artista recebesse o diploma, que precisa ser firmada pelo representante de Portugal e o do país do artista contemplado. Somente nesta segunda (29) isso aconteceu.

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Em uma cerimônia no Palácio Queluz, em Sintra, Portugal, com a presença do presidente Lula e diversos ministros brasileiros, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e escritores, o autor fez um discurso emocionado, politizado e pontuado por momentos divertidos, em que comemorou o boicote de Bolsonaro. “Conforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando espaço para a assinatura do nosso presidente Lula”, disse.

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No discurso de agradecimento, ele também homenageou seu pai, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), e criticou o tratamento dispensado aos artistas brasileiros no governo anterior. “Recebo esse prêmio menos como honraria pessoal e mais como desagravo a tantos autores e artistas humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo“, afirmou.

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Eu sua fala, o presidente Lula elogiou Chico Buaque e criticou seu antecessor. “Hoje, para mim, é uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos. Digo isso porque esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019, e não foi. Todos nós sabemos por quê”, discursou. “O ataque à cultura, em todas as suas formas, foi uma dimensão importante do projeto que a extrema-direita tentou implementar no Brasil. Não podemos esquecer que o obscurantismo e a negação das artes também foram uma marca do totalitarismo e das ditaduras que censuraram o próprio Chico no Brasil e em Portugal”, completou.

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Além de um dos maiores letristas da língua portuguesa, Chico Buarque é dramaturgo e escritor. Seu primeiro livro de ficção, Fazenda Modelo, é de 1974. Três anos depois, lançou o livro infantil Chapeuzinho Amarelo. Mas foi a partir dos anos 90 que sua carreira literária engrenou de vez, e ele passou a dar pausas na música para escrever e publicar livros.

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Vieram, então, os romances Estorvo (1991), Benjamin (1995), Budapeste (2003), Leite Derramado (2009) e O Irmão Alemão (2014). Ele enveredou pelo conto em Essa Gente (2019), o primeiro após o Prêmio Camões, e Anos de Chumbo e Outros Contos (2021).

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O Prêmio Camões é uma parceria entre os governos de Portugal e do Brasil, e teve 34 edições desde 1989. Entre os 14 brasileiros que já foram laureados, estão João Cabral de Melo Neto (1990), Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), Lygia Fagundes Telles (2005), Raduan Nassar (2016) e Silviano Santiago (2022), premiado na edição mais recente.

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O júri responsável pela escolha é formado por representantes do Brasil, de Portugal e de países africanos lusófonos.  O escritor homenageado recebe 100 mil euros (555 mil reais), sendo uma metade desse valor paga pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura, e a outra, pelo governo português.

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