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“Nunca vou esquecer do que vivi lá”, afirma coronel sobre Petrópolis

Comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro trabalhou durante nove dias nos resgates após tragédia, onde presenciou um “cenário caótico”

Por Renata Magalhães
18 mar 2022, 06h00
Mãos à obra: o bombeiro comandou as operações de resgate na tragédia provocada pelas chuvas em Petrópolis -
Mãos à obra: o bombeiro comandou as operações de resgate na tragédia provocada pelas chuvas em Petrópolis - (Ricardo Cassiano/Divulgação)
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As férias do comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro, estavam marcadas para 16 de fevereiro, uma quarta-feira. Com passagens compradas para a Disney, ele embarcaria com a família para celebrar o aniversário de 4 anos da filha Antonella.

Mas na véspera, próximo ao final do expediente, os planos mudaram drasticamente. Foi o fatídico dia em que um temporal de grandes proporções atingiu em cheio Petrópolis, deixando um rastro de mais de 200 mortos na maior tragédia da história da cidade na Serra Fluminense.

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“Nunca vou esquecer do que vivi por lá”, afirma ele, que pegou a estrada naquela mesma noite. Em meio a ruas alagadas, sem luz elétrica nem sinal de telefone celular, Monteiro precisou colocar de pé uma operação de guerra para que as tropas conseguissem chegar aos locais mais críticos — um “cenário caótico”, segundo seu emocionado relato.

“Na primeira noite, resgatamos 24 sobreviventes”, conta Monteiro. “Essa sensação é inexplicável, como se eu estivesse presenciando um nascimento, como se aquelas pessoas estivessem ganhando uma nova oportunidade de viver.”

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O cenário era caótico, mas na primeira noite conseguimos resgatar 24 pessoas. É uma sensação inexplicável, como se eu estivesse presenciando um nascimento

O sentimento que predominou durante os nove dias em que ficou direto em Petrópolis, porém, foi de uma tristeza profunda. “Em um dos resgates, encontramos três pessoas soterradas, já mortas e abraçadas”, diz o militar, que passou as três primeiras noites trabalhando ininterruptamente, sem pregar os olhos.

Monteiro ainda precisou cuidar da segurança dos voluntários, que buscavam familiares desaparecidos, além de desmentir informações falsas que circulavam à vontade. “Cerca de 500 militares foram deslocados e se mantiveram na ativa de forma incansável frente a uma realidade devastadora”, relata.

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Filho de bombeiro, Monteiro viveu a infância no quartel, vestindo a farda do pai e cultivando o sonho de um dia se tornar comandante-geral. Quando o governador Cláudio Castro assumiu, o cargo lhe foi conferido junto com a Secretaria de Defesa Civil, onde traçou um plano de contingência para as chuvas que insistentemente devastam as regiões do estado.

Realista, ele reconhece que persistem lacunas e que a situação requer mais. “É preciso um somatório de forças dos órgãos públicos para dar moradia digna à população e evitar que isso con­tinue se repetindo”, afirma. E tem toda a razão.

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