Continua após publicidade

Coronavírus: ator diz como é fazer parte do grupo AAA, o mais vulnerável

Pedro Paulo Rangel, 71 anos, sofre de doença pulmonar obstrutiva crônica, que o impede até de caminhar: "Resta-me ficar em casa, esperando, mascarado"

Por Cleo Guimarães
Atualizado em 30 mar 2020, 19h38 - Publicado em 30 mar 2020, 11h18
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em depoimento a VEJA RIO, Pedro Paulo Rangel, 71 anos, fala sobre a dificuldade em conviver com uma doença respiratória incurável, progressiva e irreversível que, em tempos de coronavírus, o torna muito mais vulnerável que o resto da população.

    “Em 1998 deixei de fumar e beber. Passei a fazer exercícios físicos diariamente; mudei a alimentação, aprendi a nadar – mens sana in corpore sano -. e em 2002 descobri que estava irremediavelmente doente. Fui diagnosticado com DPOC, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, causada por trinta e cinco anos de tabagismo selvagem e irresponsável. Não há refresco pra você que pensou: “Tudo bem, fumo só quatro cigarros por dia”.

    Coronavírus: saiba quem terá direito ao auxílio emergencial

    O percentual de vítimas da DPOC em “não fumantes” e em fumantes passivos é alarmante e não para de crescer. Em 2016, o número total de portadores no Brasil era estimado em sete milhões de pessoas. Não há sintomas. Simplesmente um dia você acorda e descobre que a sua cabeça agora tem que ficar dentro de um saco plástico. É incurável, progressiva e irreversível. Desde que me descobri doente tive que criar condições especiais que me permitissem exercer meu ofício de falar para o público sem ter ar suficiente para isso. Um aprendizado diário.

    Coronavírus: ‘Vá para o inferno, Regina Duarte’, escreve Pedro Cardoso

    Continua após a publicidade

    A pandemia do Covid-19 para quem é idoso (71 anos), portador de doença respiratória e sem defesas no organismo (o alcatrão do cigarro, inalado a altíssimas temperaturas, carbonizou-as), vem achar-nos no grupo de risco AAA, quase uma gargalhada! Uma algaravia atordoante, já que é entoada por centenas de milhares de outros como eu. Até já aposentei Zézé, a scooter com que há uns seis meses passeava pelas calçadas de Copacabana depois que a falta de ar me impediu de caminhar. Inúteis. Imprestáveis. Resta-nos ficar em casa, esperando, mascarados e de celular em punho, torcendo para que coloquem pelo menos a trilha do “Era Uma Vez No Oeste” do Sérgio Leone, quando passar no Jornal Nacional.”

    *Pedro Paulo Rangel tem 50 anos de profissão e começou sua carreira em 1968, em “Roda viva”, peça de Chico Buarque e direção de José Celso Martinez Correa, que entrou para a história como um marco de resistência no combate à Ditadura.

    Publicidade

    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

    a partir de 35,60/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.