Analise os dados a seguir: é cada vez maior o número de pessoas que desrespeita o isolamento social no Rio (atualmente 60% de seus habitantes seguem indo às ruas), e a curva epidemiológica não para de crescer: o mais recente levantamento mostra que já há 1.123 mortes registradas no estado, e 12.391 casos confirmados. A capital é o epicentro das contaminações, com 7.832 casos e 713 mortes. Junte-se a essas informações mais uma: hoje há 415 infectados à espera de um leito em UTI no sistema público de saúde. De posse destes dados, uma pergunta parece necessária: o lockdown é a saída mais viável para tentar frear a pandemia da coronavírus no Rio? Se sim, quando ele deveria entrar em vigor?
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“É para ontem”, diz o epidemiologista Roberto Medronho, um dos integrantes do conselho de experts que auxilia o governador Wilson Witzel em suas tomadas de decisão relacionadas à Covid-19. “Cada dia que passa sem o isolamento restrito são mais vidas que se perdem. O colapso total no sistema de saúde acontecerá em pouquíssimos dias”, afirma. Segundo Medronho, o governador recebeu do grupo de cientistas há mais de uma semana a recomendação de decretar o lockdown – ou seja, o isolamento completo. A princípio, foi totalmente avesso à ideia. No fim de semana, o conselho oficializou a recomendação e entregou um documento a Witzel, no qual especifica os motivos para a adoção da medida. “Hoje ele está mais sensível à questão, acredito que pode anunciar o isolamento total nos próximos dias”.
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Assim como aconteceu no Maranhão, o lockdown pode vir a ser estabelecido pelo Poder Judiciário. O Ministério Público pediu ao governo do estado do Rio um estudo sobre uma possível adoção da medida, e lembrou que ela deve trazer um “alto custo econômico”. “É urgente, urgentíssimo que adotemos o lockdown”, afirma o médico sanitarista e ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão. Ele lembra que “a situação está saindo do controle”, mas que é essencial dar à população a capacidade de subsistência no caso de adoção do isolamento total. “Uma coisa é a classe média ficar em casa. Um tédio. Outra coisa é uma família de seis pessoas da Rocinha, com todos impedidos de ir às ruas para trabalhar. Essas pessoas vão fazer o quê?”, pergunta. Para Temporão, essa é a grande questão para a tomada de decisão de Witzel. “Politicamente, é uma responsabilidade muito grande que ele vai assumir. Mas de uns para cá, o governador passou a olhar com simpatia para essa questão. Estamos torcendo e fazendo a nossa parte para que ele entenda que a radicalização do isolamento será em defesa da vida”.
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