O título que faltava e uma nova medalha dourada para uma trajetória brilhante e de muita batalha, dentro e fora dos tatames, vieram neste ano. Depois de superar uma suspensão por doping aplicada em 2019 e recuperar a força e o controle emocional para levar o bicampeonato Mundial em 2022, Rafaela Silva aterrissou em 2023 preparada para os Jogos Pan-Americanos de Santiago. Na luta final, contra a argentina Candela Brisa Gomez, deu dois wazari sobre a oponente e conquistou o inédito ouro na disputa.
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Acostumada a romper barreiras, a atleta do Flamengo, nascida e criada na favela da Cidade de Deus, na Zona Oeste, tornou-se, aos 31 anos, a primeira judoca brasileira a vencer as três competições: Olimpíada (2016, no Rio), Mundial (duas vezes) e agora o Pan.
Rafaela despontou no Instituto Reação, trabalho social do ex-atleta Flávio Canto, onde estreou uma trajetória que começou a reluzir aos 16 anos, quando foi campeã mundial júnior. “O projeto me abriu as portas para o esporte, assim como acontece com centenas de jovens e crianças. É importante para a socialização, a disciplina e a formação de caráter. Não sei o que seria da minha vida sem ele”, diz a judoca, desde cedo acostumada a enfrentar preconceitos.
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Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, ela foi eliminada e sofreu ataques racistas nas redes. Agradeceu aos fãs que demonstraram apoio e, no ano seguinte, ingressou para o panteão do judô como a primeira brasileira a subir ao pódio máximo no Campeonato Mundial, em pleno Maracanãzinho. Aprendeu a não temer desafios e hoje se prepara para o próximo duelo. “O ano de 2023 foi intenso como eu gosto, de realizações pessoais e profissionais. Estamos na véspera do ano olímpico e toda a minha concentração e cabeça estão em Paris.” Que se cuidem as adversárias, que respeitam a guerreira Rafaela quando ela pisa no tatame.