Um dos icônes do rock brasileiro, o cantor e compositor Frejat participou da série de lives musicais conduzidas pela jornalista e colunista Fabiane Pereira, nesta segunda (22), no Instagram de VEJA RIO.
No bate-papo, o cantor e compositor falou sobre o seu novo álbum, “Ao redor do princípio”, que gravou após mais de 10 anos sem lançar um trabalho.
“Em 2008, havia muita pirataria e não existiam as plataformas digitais de música. Fiquei perdido, não sabia como mostrar minhas obras ao público”, disse Frejat.
Aos 58 anos, Frejat vem acompanhando – e integrando – a trajetória da música brasileira nos últimos 30 anos. “Costumo brincar que essa nova geração tem saudade do que não viveu e eu não sinto saudade nenhuma”, brincou o cantor.
Para se manter atual, ele aguça a curiosidade por coisas novas, além de procurar parceiros de diferentes estilos para ajudá-lo em suas produções.
Para quem perdeu o bate-papo, é só acessar o IGTV de VEJA Rio. Abaixo, confira trechos da conversa:
Ao redor do princípio
“O disco foi feito entre 2018 e 2019, e chegou nesse momento inusitado que estamos vivendo. Foi um retorno às minhas produções antigas. Quisemos fazer as gravações com todos os músicos juntos, diferente do que fazem hoje em dia, em que cada um grava num canto diferente. Eu gosto dessa energia. Por outro lado, utilizamos todos os recursos mais modernos de gravação e edição. O grande desafio do disco foi ser diferente do que eu já fiz, mas não completamente. É um complemento da minha obra”
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Colaborações
“Neste álbum, contei com a participação dos meus filhos. Minha filha [Julia Pellegati] criou a arte da capa e meu filho [Rafael Frejat] participou das gravações como músico. Um dia, ele estava no estúdio, que fica ao lado da minha casa, ouviu uma das faixas e perguntou se podia mexer. É claro que eu deixei, né? A participação dele deu uma ambiência para o álbum, uma injeção de ideias diferentes das minhas. Além deles, também convidei a Alice Caymmi, uma excelente artista, brilhante”
Inspiração na pandemia
“Acho que a arte está fervilhando nesse momento, que é tão intenso. Ao meu ver, muitos artistas entraram numa relação especial com o confinamento e isso vai resultar em novas obras. A pandemia gera uma certa melancolia e não tem inspiração maior para arte que a melancolia”
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Todo clássico precisa de um veículo difusor
“Por incrível que pareça, a maior plataforma de música nesse momento é o Youtube, que obriga uma relação visual com o espectador. O rádio tem uma coisa mais genuína, não é possível saber se a pessoa é magra, gorda, bonita quando só se ouve a voz. Quando o rádio dominava, a relação do ouvinte com a música era mais pura. Agora já tem um ruído. A internet não agrega, por isso hoje a música sofre tanto para criar novos clássicos. A música ficou muito nichada, as pessoas escutam sempre as mesmas coisas. A gente está correndo o risco de perder o conceito de democracia porque a gente se junta apenas com pessoas que pensam a mesma coisa. É bacana ouvir algo que não é a sua praia”
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Saudades do público
“Fazer live sem dúvida é esquisito. Tive a sorte do meu filho estar confinado comigo e ele ser um ótimo músico. É um prazer fazer música com ele. Mas não ter a resposta imediata do público é horrível. Por mais que as pessoas mandem mensagens e elas apareçam na tela, não é a mesma coisa. Foi uma delícia tocar depois de 90 dias em casa, No meu caso, que estou na estrada há anos, a grande diferença num show é o público. É sempre o elemento transformador. Essa integração faz muita falta”