Contada a partir do olhar de sua intérprete mais magnética, mas também mais reservada, a história da tropicália está prevista para chegar aos cinemas no ano que vem. “Meu Nome é Gal”, cinebiografia da cantora, retrata um debate estético que serviria como gênese de um dos movimentos culturais mais importantes da música brasileira. Ancorada na história de Gal Costa, a obra a acompanha a partir do momento em que ela troca a Bahia pelo Rio de Janeiro e, depois, por São Paulo, no fim dos anos 1960, até o começo da década seguinte, quando Caetano e Gil são presos e acabam exilados na Europa.
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“O Caetano, por exemplo, tem uma história com uma dramaturgia nata da vida dele, porque é um drama, acontece muita coisa. E o nosso desafio era como contar a história de uma mulher que mudou a música pelo corpo, pela atitude e pela voz, e não pelo intelecto. Como é que uma menina tímida, mas que tem uma voz absurda, se encaixa nesse lugar? É por causa da percepção dela, por ela ser esse radar e mudar tudo com atitude”, disse à Folha de São Paulo a diretora Lô Politi, que também assina o roteiro da obra, produzida pela Paris Entretenimento.
No filme, Gal é vivida por Sophie Charlotte, que canta ao vivo — assim como os outros atores — a maioria das músicas, e teve a bênção da própria tropicalista. “Quando falei para a Gal que estava pensando na Sophie, ela disse ‘ela chega muito próxima do meu timbre, do meu jeito de cantar'”, contou ao jornal paulista Dandara Ferreira que, além de intérprete de Maria Bethânia, divide a direção do longa com Lô Politi. Ela lembra que a atriz se destacou ao cantar “Sua Estupidez”, gravada por Gal, num especial de fim de ano com Roberto Carlos.
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O elenco do filme ficou reunido durante mais de um mês numa casa na Granja Viana, em São Paulo, para ensaiar e azeitar o entrosamento — “viver a nossa tropicalidade”, como brincou Lô Politi. A conexão do elenco é uma das armas do filme, que é o primeiro de ficção a retratar esses personagens históricos da cultura brasileira.
Caetano Veloso é vivido por Rodrigo Lelis, baiano que estudou no Teatro Vila Velha, por onde já passaram alguns dos tropicalistas, e quem mais tem semelhanças físicas com seu personagem da vida real. Já Gilberto Gil é interpretado por Dan Ferreira, que já encarnou o jovem Pixinguinha no filme sobre o músico e atuou como um policial na novela “Amor de Mãe”. “Todo mundo acha que ele é o que menos parece fisicamente, mas o Dan traz elementos que torna irrelevante se parece o Gil ou não”, avalia Dandara Ferreira.
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Há ainda vários personagens decisivos para a formatação da tropicália, como o produtor musical Guilherme Araújo, vivido por Luis Lobianco. E Camila Márdila vive Dedé Gadelha, na época mulher de Caetano e um dos elementos fundamentais para unir o grupo.