Com homenagem a Antonio Cicero, prêmio Cariocas do Ano emociona o Roxy
Quinze personalidades, como Lulu Santos, Juliana Paes, Othon Bastos e Alexandre Accioly, subiram ao palco na tradicional cerimônia promovida por VEJA RIO

Uma noite de muita emoção, discursos tocantes e uma belíssima homenagem ao poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras Antonio Cicero marcaram a 18ª edição do prêmio Cariocas do Ano, promovido por VEJA Rio.
Cerca de 280 pessoas se reuniram no Roxy Dinner Show, o mais novo palco emblemático da cidade, na tradicional cerimônia criada pela publicação em 2007 para exaltar cariocas – de nascença ou não – que se destacaram ao longo do ano.
O público foi recebido com um jantar, no mesmo formato que a casa comandada por Alexandre Accioly e Dody Sirena oferece ao público de quinta a domingo.
Às 21h30, Bruno Chateaubriand subiu ao palco para dar início à premiação, convocando ao palco Fernanda Thedim, editora-chefe de VEJA Rio para acompanhá-lo na empreitada.
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O primeiro troféu da noite, na categoria cidadania, foi entregue a Diego Mendes, motoboy que salvou a vida de um menininho de 8 anos que perdeu um braço em um tombamento de ônibus em São Cristóvão. Diego levou a criança e sua mãe ao hospital e voltou ao local do acidente para recolher o membro, que foi reimplantado com sucesso. “Só tenho que agradecer e falar para as pessoas que nunca deixem de ajudar o próximo e nunca esperem nada em troca. Posso nãoo ter feito faculdade, mas sou um exemplo de ser humano”, disse, dedicando o prêmio à mãe, presente na plateia, e emocionando a audiência.
Em seguida, o cantor e compositor Lulu Santos subiu ao palco para receber o troféu na categoria música, e até deu uma palinha no palco, cantando um trecho da canção Zerodoisum, em que declara seu amor à cidade. “Nunca fui o queridinho da imprensa e esse prêmio conserta algumas mágoas”, afirmou, sincero como sempre.
Na categoria entretenimento, o vencedor foi o empresário Luiz Oscar Niemeyer, responsável por produzir o histórico show de Madonna na Praia de Copacabana, em maio. “Fazer um show tão grandioso como esse requer muito dinheiro, e o dinheiro e não cai do céu, portanto tenho de agradecer aos apoiadores, patrocinadores e à minha equipe. Trabalhar no Rio é especial”, resumiu em seu discurso.
À frente do festival Carandaí 25, o maior festival de moda autoral da América Latina, Tati Accioli foi às lágrimas ao subir ao palco e receber o prêmio na categoria moda. “Neste ano, trouxemos mais de 1000 empresários, de todas as regiões do Brasil, para participar do evento. Esse projeto nao é só meu, é de muita gente e ajuda a fomentar a moda num momento tão desafiador para a cidade”, contou a empresária.
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Logo depois, foi a vez de Nelson Queiroz Tanure, chairman da Prio, a maior empresa independente de óleo de gás do país, ser homenageado na categoria negócios. “A gente diz sim para o máximo de projetos que a gente pode. O Rio tem cariocas que nos inspiram. Muita gente dedica seu tempo a ajudar o próximo e tentamos fazer o mesmo na Prio”, afirmou. A empresa investiu 30 milhões de reais em projetos culturais e sociais ao longo do último ano. Além disso, o empresário dedicou o prêmio ao pai, o também empresário Nelson Queiroz Tanure, que acredita na recuperação de negócios de variados tipos e tamanhos.
A atriz Fernanda Torres, prestes a concorrer ao Globo de Ouro de melhor atriz pelo filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, não pôde ir, mas enviou um vídeo de agradecimento. Ela, é claro, foi a vencedora na categoria cinema. “Estou ziguezagueando pelo Atlântico nesse momento e infelizmente não pude estar com vocês, mas esse troféu muito me honra. Sou dependente do Rio, fui criada na Tijuca, na Ilha do Governador e na Lagoa. Tudo que eu fiz na vida tem a ver com essa cidade”, declarou-se. Sua empresária, Carmem Mello, subiu ao palco para pegar o troféu e repetiu a frase que Fernanda cunhou ao receber a indicação à premiação internacional: “A vida presta.”
No esporte, a grande homenageada foi Georgette Vidor, coordenadora da ginástica artística do Flamengo e a figura por trás da evolução da modalidade nos últimos anos. “Comecei a carreira de treinadora aos 15 anos. Foram 50 anos lutando para que essas medalhas olímpicas chegassem. Eu nem sonhava viver um ano tão maravilhoso como esse. Fui desacreditada depois do acidente que me deixou paraplégica, há quase trinta anos, mas provei que a ginástica estava no meu cérebro, não no meu corpo”, enlaçou.
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Já Luiz Zerbini, paulistano de nascimento, foi o Carioca do Ano na categoria artes plásticas. Neste ano, 80 000 pessoas puderam ver uma retrospectiva da carreira dele na mostra Paisagens Ruminadas, no CCBB. “Pude rever muitos trabalhos que há muitos anos não via e fiquei impressionado, porque o Rio aparece com muita frequência na minha obra. Pinto a natureza desde sempre e encontrei um verdadeiro paraíso quando cheguei ao Rio, em 1982”, contou.
Gabriel David, presidente da Liesa, foi homenageado na categoria Carnaval. “A liga tem pessoas apaixonadas, que acreditam que é possível levar o Carnaval carioca para o mundo. Foi um ano de muito trabalho e correria, perdi bastante tempo com a minha família e, por isso, quero dedicar esse troféu à minha mãe e à minha noiva [a atriz Giovanna Lancelotti]”, dedicou o jovem de 27 anos.
Com um tocante discurso chamando a atenção para a violência contra a mulher, a atriz Juliana Paes recebeu o prêmio na categoria televisão. Neste ano, a série Pedaço de Mim, da Netflix, estrelada por ela, figurou por duas semanas no top global entre as produções de língua não-inglesa. “No Brasil, a cada seis minutos uma menina ou mulher é estuprada. Há muitas Lianas por aí, então eu quero dedicar esse prêmio às mulheres que sofrem violência e peço que denunciem essas situações de abuso. Vocês não estão sozinhas”, clamou no palco.
Em educação, o padre Anderson Antonio Pedroso, reitor da PUC-Rio, recebeu o troféu. A universidade acaba de ser considerada a melhor entre as privadas no Brasil e a terceira melhor do país, empatada com a UFRJ. “A PUC-Rio é um projeto de país e lutamos diariamente para que seja uma universidade mais inclusiva”, afirmou o padre, nascido em São Paulo, que ainda emendou: “O sonho de todo paulistano é ser carioca. O Rio é uma vitrine, e o Brasil precisa do Rio saudável.”
A atriz e apresentadora Tatá Werneck recebeu o prêmio na categoria humor. Como ela está se recuperando de uma cirurgia, enviou um vídeo em agradecimento, dedicando o troféu à mãe, Claudia Werneck, e à filha, Clara Maria. “Minha mãe sempre disse que eu podia escolher qualquer coisa na vida, desde que eu me dedicasse muito, com amor. E eu quero passar esses ensinamentos para a minha filha”, enlaçou.
A secretária de turismo Daniela Maia subiu ao palco para entregar o prêmio O Rio Agradece para o empreendedor Alexandre Accioly, à frente do Roxy Dinner Show e do projeto de revitalização do Jardim de Alah. “Sou um carioca meio joão-bobo, vivo de um lado para o outro, fazendo muita coisa e acreditando no Rio, que exporta competência para o mundo. Tenho certeza de que Copacabana vai se transformar na Broadway brasileira”, prometeu.
Na categoria teatro, o ator Othon Bastos, de 91 anos, foi ovacionado de pé ao ser anunciado. Em 2024, ele estrelou o primeiro monólogo da carreira. “Quem sabe amar a vida consegue todas as retribuições. A vida é uma menina que se apaixonou por mim e é ela quem acende a luz dentro de mim”, emocionou-se o artista.
Ao final, uma tocante homenagem a Antonio Cicero emocionou o público. A cantora e compositora Marina Lima, irmã do poeta, e Marcelo Pies, viúvo do imortal da ABL, subiram ao palco para agradecer. “Cicero vivia o Rio, andava por todos os cantos, pegava o metrô… Ele era um apaixonado pelo Rio e nós sempre cantamos o Rio”, disse a cantora. “Tenho certeza de que, hoje, o Hotel Marina e as luzes do Vidigal brilham mais fortes”, finalizou Pies.
Depois da tradicional foto dos Cariocas do Ano com seus troféus, Neguinho da Beija-Flor e a bateria da escola de Nilópolis subiram ao palco para fechar a noite com chave de ouro. Emocionante em todos os sentidos.