João Fonseca está preparado para ganhar o mundo de raquete nas mãos

A rotina do jovem carioca que é considerado uma das maiores promessas do tênis mundial e teve status de estrela do Rio Open

Por Melina Dalboni
Atualizado em 21 fev 2025, 12h30 - Publicado em 21 fev 2025, 06h00
João Fonseca
João Fonseca: crescendo e elogiado pelos maiores nomes do esporte (FOTOJUMP/2023/Divulgação)
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Ele é carioca, nascido e criado em Ipanema, e deu suas primeiras raquetadas nas quadras do Country Club. Com o jeito tímido de quem saiu há pouco da adolescência, é também o mais novo ídolo do tênis brasileiro. João Fonseca chamou a atenção do mundo dos esportes ao entrar, em janeiro, no ranking dos 100 melhores jogadores do mundo da ATP, a Associação de Tenistas Profissionais, depois de sua primeira participação na chave principal de um Grand Slam. Isso aos 18 anos, o que faz dele o brasileiro mais jovem a atingir tal feito. Em seguida, após a vitória no ATP de Buenos Aires, em fevereiro, João Fonseca alcançou a 68ª posição. “O João é realmente um fenômeno do esporte, mas isso não é o comum. O tênis exige foco no processo, na melhoria diária. O sucesso vem como consequência do trabalho consistente, e não da pressa em ganhar. Ele sempre teve isso: pensa em ser melhor a cada dia, e é por isso que melhora tão rápido”, diz Juan Pablo Etchecoin, primeiro treinador do tenista, que chegou com status de estrela ao Rio Open, o maior torneio da modalidade na América do Sul. “Jogar em casa, com a torcida brasileira apoiando, meus pais e amigos assistindo, é algo espetacular”, disse João, que acabou derrotado pelo cansaço na estreia, e coberto de elogios pelo seu adversário, o tenista francês Alexandre Muller, número 60 do mundo, que afirmou que João “será uma lenda do tênis”.

Nasce uma estrela: João começou a treinar aos 8 anos e já chamava atenção nos campeonatos de base
Nasce uma estrela: João começou a treinar aos 8 anos e já chamava atenção nos campeonatos de base (Álbum de Família/Divulgação)

Em seu primeiro ano jogando na elite profissional, o carioca levou três títulos importantes no cenário mundial e já recebeu mais de 5 milhões de reais em premiações. Foi campeão do Next Gen ATP Finals, torneio exclusivo para jovens de até 20 anos que já participam do circuito mundial, vencido pelo espanhol Carlos Alcaraz em 2021, ficou no lugar mais alto do pódio no Challenger de Camberra, na Austrália, e brilhou com o título em Buenos Aires. O talento que o menino de 1,85 metro de altura mostrou nas quadras internacionais, com golpes de base sólidos e seguros e um saque cada vez mais consistente, foi esculpido em terras cariocas. Além do Country, João passou por outros clubes. Jogou no Monte Líbano e atualmente treina no Itanhangá Golf Club, onde fica o centro de treinamento Yes Tennis, fundado pelo seu atual treinador, Guilherme Teixeira, e outros sócios, com a ajuda dos pais de João, a ex-­atleta de vôlei Roberta Fonseca e Christiano Fonseca Filho, adepto do ciclismo, kitesurfe e surfe, e um dos pioneiros no mercado de investimentos do Brasil ao criar, aos 24 anos, a primeira gestora de recursos independente do país.

Em 2024, no Rio Open, quando chegou às quartas de final com apenas 17 anos: em 2025, João foi direto para a chave principal
Em 2024, no Rio Open, quando chegou às quartas de final com apenas 17 anos: em 2025, João foi direto para a chave principal (FOTOJUMP/Divulgação)

João tocou pela primeira vez em uma raquete aos 4 anos. Dos 8 aos 12 anos, começou a treinar com mais regularidade com Etchecoin e, já nessa fase, chamava atenção, vencendo torneios da molecada como o Circuito Tênis Rio, em 2016, e a Copa Gerdau, em 2017, na categoria até 11 anos. “Ganhar campeonatos nessa fase foi importante, mas perder também fez parte do seu aprendizado. As derrotas o motivaram a treinar mais e melhorar, algo essencial para o desenvolvimento dele”, lembra Juan Pablo. “A partir dali, eu fui fazendo mais aulas, mas também fazia outros esportes e competia no futebol de salão”, lembra João, em entrevista a VEJA RIO, pouco antes da concentração para a Copa Davis, na França. Aos 12, o atleta passou a ser supervisionado exclusivamente por Guilherme Teixeira. “Joguei torneios fora do Rio e vi que levava jeito. Depois as coisas foram aumentando e, então, pedi aos meus pais para sair da escola presencial e ir para o on-line”, conta João, que passou pelo Santo Inácio, pela Escola Americana e pelo Teresiano até se formar a distância na escola internacional Go­liath.

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A rápida ascensão já se reflete nos contratos firmados: o jovem tem patrocínio da XP Investimentos, da ON Running, de roupas e calçados, que tem Roger Federer entre os sócios, e da marca de relógios Rolex, apoiadora do Rio Open. O fato de ser carioca, aliás, permitiu que o atleta acompanhasse o torneio desde as primeiras edições. “Antes de competir, ele participou como rebatedor, aquecendo e treinando com os jogadores. Foi o momento em que pudemos reparar o quanto ele podia alcançar, porque ele pôde estar com jogadores top 10, top 50, coisa que nunca tinha feito antes”, lembra Guilherme, ressaltando a importância do fator motivacional que o Rio Open exerce na cabeça de um aspirante. “O João teve a oportunidade de ver a atmosfera desde cedo, conhecer os ídolos de perto e se inspirar”, corrobora Marcia Casz, diretora-geral do torneio, que em sua 11ª edição também contou com o alemão Alexander Zverev, número 2 do mundo, e o dinamarquês Holger Rune, 13º colocado no ranking.

Com os pais, Christiano e Roberta, no Next Gen ATP Finals: seguindo os caminhos de Alcaraz, que venceu o torneio em 2021
Com os pais, Christiano e Roberta, no Next Gen ATP Finals: seguindo os caminhos de Alcaraz, que venceu o torneio em 2021 (ATP TOUR/Divulgação)

A presença de João Fonseca na mídia e sua performance como atleta, com elogios rasgados de ídolos como o sérvio Novak Djokovic e o grego Patrick Mouratoglou, ex-treinador de Serena Williams, que diz vê-lo com potencial para chegar ao top 3 do mundo, já impactam no aumento da procura por aulas de tênis. “O sucesso do João tem ajudado a atrair mais interesse pelo esporte, não só no Rio, mas em todo o Brasil”, comenta Juan Pablo. Mas, que ninguém pense que é fácil. A agenda profissional do jovem prodígio inclui muitas viagens e uma rotina regrada quando está em casa. Ele sai toda manhã de seu apartamento na Praia de Ipanema para os treinos no Itanhangá, com sessões de fisioterapia e preparação física que só finalizam por volta das 18 horas. “Sou um menino bem caseiro, mas gosto de me encontrar com os meus amigos, comer em restaurantes japoneses, jogar pôquer ou cartas com meu avô e ficar com a minha família. Não sou superfã de praia, mas vou com a minha namorada”, conta João, que, como bom carioca, é flamenguista e adora açaí — embora esteja evitando atualmente porque está “fora da dieta”. Vida de atleta não é fácil mesmo.

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