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Keyna Eleison, do MAM, é eleita carioca do ano na categoria arte

Diretora artística do museu é responsável pela sacudida na instituição, que se aproxima do público ao propor discussões sobre diversidade e inclusão

Por Carol Zappa, Marcela Capobianco e Renata Magalhães
Atualizado em 19 dez 2023, 12h20 - Publicado em 16 dez 2022, 06h00
Keyna Eleison
Keyna Eleison: diretora artística do MAM promoveu mudanças substanciais no museu - (Ana Branco/Agência O Globo)
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A filósofa e ativista americana Angela Davis costuma dizer: “Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se move com ela”. E vem sendo assim no caminho de Keyna Eleison, 43 anos, que, na adolescência, chegou a pensar em ser freira, mas desistiu ao descobrir que jamais poderia rezar uma missa. Sua vocação era outra. Até alcançar o posto de diretora artística do MAM Rio, porém, ela percorreu uma trilha em que enfrentou o racismo encravado na sociedade e foi, bem aos poucos, cultivando a autoconfiança. “Eu não sabia que poderia ser curadora, mas entendi, gradativamente, que na minha trajetória de educadora e contadora de histórias já desempenhava tal papel”, afirma Keyna, que teve passagens à frente da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (antes dela, a única mulher negra a ocupar um cargo de direção havia sido Lélia Gonzalez, quatro décadas antes) e do Castelinho do Flamengo. “Uma mulher negra ocupando um cargo importante numa instituição tradicional não acaba com o racismo, mas abre diálogos para combater o preconceito”, enfatiza.

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Em 2020, auge da pandemia, ela se juntou ao espanhol Pablo Lafuente para concorrer ao cargo de direção artística na primeira chamada pública da história do MAM Rio. A dobradinha surpreendeu ao desbancar uma centena de concorrentes. Ao lado dele, Keyna é responsável por um sacolejo substancial no museu, que aboliu a cobrança de ingresso, integrou diversos setores e vem questionando os chamados padrões eurocêntricos: Estado Bruto, de 2021, exposição-xodó de Keyna, é um exemplo concreto disso. Definida como um “jardim de esculturas”, a mostra reuniu 126 obras de 107 artistas — algumas jamais haviam sido exibidas. Neste ano, a programação seguiu deslocando olhares e propondo novas reflexões, como evidencia a coletiva Atos de Revolta: Outros Imaginários Sobre Independência, em cartaz até fevereiro. “Estamos num país em que museus pegam fogo e fecham as portas por não conseguir pagar as contas. Queremos construir uma instituição que seja relevante para o público”, resume Keyna, cujo trabalho, segundo ela, está só começando.

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