Acomodados em cadeiras de praia, bancos de praça e mesas de bar, centenas de cariocas já aplaudiram as aulas gratuitas em que o professor, escritor e compositor Luiz Antonio Simas faz das ruas sua sala de aula — um espaço fundamental para a “circulação de saberes”, como ele próprio define. Mestre em história social pela UFRJ e completando três décadas de magistério em escolas do Rio — com o mesmo número de livros publicados e ainda dois prêmios Jabuti —, Simas ampliou sua atuação em 2023 com o projeto Coretos — A História Nas Ruas, em que percorreu coretos revitalizados da Zona Norte ao subúrbio de microfone em punho. Em Quintino, dissertou sobre o santo guerreiro em Jorge, um Carioca. Na Praça Catolé do Rocha, em Vigário Geral, falou sobre As 11 Estrelas da Leopoldina, referindo-se aos bairros suburbanos. Suas lições lotam a calçada do tijucano Bar Madrid, onde as aulas, também gratuitas, ocorrem periodicamente.
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Neto de mãe de santo crescido entre o terreiro na Baixada Fluminense e uma pensão em Laranjeiras, com o pai em Jacarepaguá e a mãe em Irajá, Simas passou a vida circulando por todos os bairros. “O Rio é uma cidade de encontros e sociabilidade construídos na rua, desde a colonização portuguesa e a presença africana. É uma escola, um lugar onde a educação ocorre o tempo todo”, acredita o professor, de 56 anos.
Inquieto, neste ano ele foi visto nas telas falando sobre o jogo do bicho no documentário de sucesso Vale o Escrito e emplacou duas parcerias com Marcelo D2 em Iboru, o elogiado disco do rapper. Também lotou o bar e sebo Al Farabi, no Centro, em aulas sonoras sobre álbuns importantes da MPB, e acaba de colocar nas estantes o infantil Três Porquinhos Brasileiros. No livro, quem salva a turma da onça-pintada são os porcos artistas, incluindo no enredo festas como samba, marujada e folia de reis. Uma brasileiríssima subversão.
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