Leandro Vieira não se conforma. Ou melhor, se conforma, sim, porque sabe que é por uma causa mais do que justa, por um motivo de força maior. Mas a escolha do samba-enredo da Mangueira através de lives, à distância, sem aquela muvuca típica destes eventos, vem deixando o carnavalesco da escola angustiado. Triste mesmo.
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Ele postou um desabafo neste fim de semana, em que conta sua impressões sobre esta inédita – e fria – disputa virtual, por causa do protocolo sanitário de combate à disseminação da Covid-19. Leia o texto de Leandro, na íntegra:
“Quem gosta de eliminatória de samba enredo com muvuca e alegria nunca vai se contentar com live e WI-FI! Tá certo que é o que dá para o momento. Mas quem falar que esse troço é bom, tá de zoeira… Além de perder a festa comunitária que é feita pelo encontro, para mim – que acabo entrando na fria que é ser jurado na disputa – é ainda pior. Aos meus olhos, quem escolhe o samba é o corpo do outro. É como a bateria se encaixa. É o giro involuntário de uma baiana.
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Quem escolhe o samba é a passista que dança até sem querer dançar e, no juri, tento ser apenas um voto que dá voz para essas situações. Esse ano tudo tá inviabilizado por uma justa (e na Mangueira, até aqui aplicada) medida de segurança sanitária.
A pandemia tornou todos nós o tipo de pessoa mais nociva que existe numa avaliação de samba-enredo: o sujeito (a) que lá da PQP julga a qualidade de uma obra pela internet, pelo YouTube, pelo clipe, pela camaradagem dos comentários das redes, sem saber de nada.
Hoje, após uma noite de eliminatórias na Mangueira, eu só queria estar acordando de ressaca em função da mistura de Itaipava quente com caipirinha de Orloff e com a certeza do samba. Mas acordei sóbrio e obrigado a ser o que mais critiquei: o tal jurado da internet: Corona, seu FDP!”
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