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Luto na música: morrem as cantoras cariocas Leny Andrade e Doris Monteiro

A primeira foi um dos destaques do Beco das Garrafas e levou a música brasileira ao exterior; já a segunda foi um dos grandes nomes da Era de Ouro do rádio

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 jul 2023, 15h27
À esquerda Leny, uma mulher negra de pele clara, com os cabelos lisos com mechas louras, vestida com blusa preta; à direita, Doris, uma mulher branca com o cabelo liso louro, usando blusa rosa.
Leny Andrade e Doris Monteiro: as duas grandes cantoras partiram no mesmo dia, no Rio (./Divulgação)
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A música brasileira perdeu dois grandes nomes nesta segunda (24): as cariocas cantoras Leny Andrade, aos 80 anos, e Doris Monteiro, aos 88, ambas no Rio. Doris (1934-2023) morreu de causas naturais, em sua casa. Ainda não foram divulgadas informações sobre o sepultamento. Leny (1943-2023), por sua vez, vivia no Retiro dos Artistas, e em junho ficou duas semanas internada com pneumonia. Seu corpo será velado no Theatro Municipal, na noite desta terça (25).

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Considerada uma das precursoras da bossa nova, Adelina Doris Monteiro nasceu em 23 de outubro de 1934. Começou a se apresentar nas rádios aos 15 anos, se tornando um dos grandes nomes da Era de Ouro do rádio. Em 1957, antes do estouro do gênero, já cantava no estilo da bossa nova: gravou Mocinho Bonito, de Billy Blanco, a música mais tocada nas rádios brasileiras naquele ano.

Ao longo da carreira, ela gravou mais de 60 álbuns, a maioria pela Odeon, e participou em coletâneas e reedições posteriores. Alguns de seus maiores sucessos, além de Mocinho Bonito, foram Mudando de Conversa, de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho, Conversa de Botequim, de Noel Rosa, e Dó-Ré-Mi, de Fernando César e Nazareno de Brito.

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Doris não teve filhos. Ela se casou três vezes: a primeira vez foi aos 18, com o advogado Carlos, tendo se separado seis meses depois — um escândalo para a época. A segundo foi com Zezinho, campeão mundial de basquete em 1959. O último foi com o tecladista Ricardo Junior, com quem ficou por mais de 40 anos, até a morte dele, em 2017.

Nascida em 25 de janeiro de 1942, Leny de Andrade Lima também começou cedo na música. Aos nove anos, cantou Risque, de Ary Barroso, no programa Clube do Guri, da Rádio Tupi. Aos 15 anos, já se apresentava em bailes e programas de calouros, e foi convidada a cantar no Beco das Garrafas, em Copacabana, um dos “berços” da bossa nova. Logo se destacou, se tornando um dos grandes nomes do lugar.

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Com voz grave e aveludada, estava mais próxima do samba jazz do que da bossa. Entre seus maiores sucessos, estão Batida Diferente, de Durval Ferreira e Mauricio Einhorn, e Estamos Aí, de Ferreira, Einhorn e Regina Werneck. Ao todo, lançou 34 álbuns.

Leny foi uma das responsáveis por levar a música brasileira ao mundo. Ao lado do conjunto Bossa Três e do do cantor Pery Ribeiro, estreou o show Gemini V, que a levou ao exterior: com ele, foi ao México, onde morou por quase seis anos, de 1966 a 1972.

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Nos anos 1980 e 1990, expandiu sua fama para outros lugares, incluindo os Estados Unidos, a Europa e a Argentina. Chegou a ter um apartamento em Nova York, onde se apresentava com frequência. Sua estreia na cidade foi no lendário clube de jazz Blue Note, há 40 anos.

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Em 1993, em uma curta temporada no Ballroom, também em Nova York, conheceu Tony Bennett, um dos grandes nomes do standard e do jazz americano, que morreu no último dia 21. O artista passou a frequentar os shows da cantora, e eles se tornaram amigos.

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Leny Andrade era solteira e não teve filhos. Em 2018, foi viver no Retiro dos Artistas. Sua última gravação foi a música Por Causa de Você, de Tom Jobim e Dolores Duran, lançada no começo deste ano, nas comemorações de seus 80 anos.

A canção estava sempre presente em seus shows, mas ela ainda não havia registrado. Leny planejava lançar um disco lado do pianista Gilson Peranzetta, mas o projeto não foi concluído.

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