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“Passei por uma pandemia particular”, relata Heloísa Périssé

Após vencer um câncer raro, atriz volta aos palcos com comédia inspirada nos coaches e palestrantes motivacionais

Por Melina Dalboni
20 abr 2023, 19h00
Dupla jornada: monólogo no Teatro XP até 21 de maio e participação na Dança dos Famosos
Dupla jornada: monólogo no Teatro XP até 21 de maio e participação na Dança dos Famosos (André Wanderley/Divulgação)
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Como você lidou com o diagnóstico do câncer nas glândulas salivares? Passei uma pandemia particular em 2019, quando recebi a notícia e fiz todo o tratamento. A cirurgia de esvaziamento cervical durou nove horas. Tirei trinta linfonodos e tive de fazer um enxerto. Quando eu estava botando a cabeça para fora, veio a pandemia no coletivo. Foi quando percebi que não temos controle sobre nada. Eu tenho tantos médicos que, se eu quiser, posso abrir um hospital.

Você teve medo? Como escreveu Joseph Campbell: “A caverna em que você tem medo de entrar esconde o tesouro que você procura”. Percebi que a entrega é o caminho e que é preciso acreditar. Ter fé é subir o primeiro degrau mesmo que você não veja o resto da escada.

Ficou com sequelas? Um mês depois da cirurgia, comecei a fazer radioterapia e quimioterapia. Óbvio que isso afetou. Eu já não tenho um sorriso aberto como eu tinha. Minha boca não abre mais de forma simétrica. Fico brincando que Deus me quer um pouco mais blasé. Hoje em dia, é um sorrisinho e tá bom.

Essa experiência inspirou A Iluminada, seu novo monólogo? A peça é para cima, com uma mensagem positiva, que faz alusão aos coaches e aos TED Talks. É resultado de anos de estudos meus sobre física quântica e filosofia. Juntei tudo isso com o meu aprendizado neste momento da vida.

Como surgiu a personagem da peça? Sempre quis fazer uma personagem chamada Tia Doro, porque gosto quando falam “Te adoro!”. A primeira pessoa que contracenou com essa personagem foi o Paulo Gustavo, lá em casa, numa filmagem que o Mauro Farias, meu marido, fez. E foi ele que trouxe de Nova York a peruca que uso na peça.

Como pretende conciliar a peça com a Dança dos Famosos, no Domingão do Huck? A rotina não é bolinho. O Dança requer uma dedicação intensa. É curioso porque, no início deste ano, eu decidi que queria vencer desafios. Pensei: vou voltar a dançar. E, quando a gente se abre de coração para uma coisa, ela acontece. Então veio o convite. Só de estar dançando, já estou feliz.

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