Leniel Borel, pai de Henry Borel, recebeu uma carta enviada pelo Papa Francisco em solidariedade à morte do menino, de 4 anos. Assinada pelo monsenhor Luigi Roberto Cona, assessor para assuntos gerais da secretaria do Vaticano, a mensagem foi entregue a uma parente de Leniel, em Portugal, depois que ela escreveu ao Papa contando sobre o que aconteceu com a criança.
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Henry morreu em março com várias lesões pelo corpo e hemorragia no fígado. A mãe do menino, Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador afastado Dr. Jairinho, foram denunciados por homicídio duplamente qualificado – as investigações mostraram que ele vinha sendo agredido por Jairinho há tempos, com o consentimento da mãe.
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O papa cita na carta “a loucura humana que levou ao massacre do pequenito Henry Borel” e pede a Leniel e à sua mãe, avó do menino, que não se contaminem pelo ódio e se recusem a odiar aqueles que lhes fizeram mal. Ele também elogia a postura da família. “É quase um milagre que uma pessoa ferida, como o senhor Leniel e a senhora Noeme, possa encontrar a coragem de recusar ter ódio e o afastar do seu coração. Mas é um milagre que lhe permite viver em paz e ajudar a salvar o mundo de si mesmo”.
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Veja a íntegra da carta, que ainda traz a bênção do Papa:
Vaticano, 24 de abril de 2021
Prezada Senhora,
O Santo Padre recebeu a carta, triste e aflita que lhe enviou no dia 14 deste mês de abril, contando nela as horas amargas que vive o povo brasileiro e também a loucura humana que levou ao massacre do pequenito Henry Borel. E, neste momento, seus familiares sentem que precisam de fortalecer a sua fé unindo os seus corações ao coração do Sucessor de Pedro, cuja fé conta com um apoio especial de Jesus (cf. Lc 22, 32) para poder confirmar a fé dos seus irmãos.
Considerando o caso dramático referido na missiva, o Papa Francisco incumbiu-me de assegurar a sua paterna vizinhança e solidariedade ao pai Leniel Borel e à avó Noeme Camargo, confiando-os à proteção da Virgem Maria com os desejos bons que cada um traz no coração: deixem-se reconhecer como amigos de Jesus; a todos chamem amigos e, de todos, sejam amigos. O Santo Padre conta com a senhora Noeme e o senhor Leniel para contrastarem a cultura da indiferença e do ódio que sentem crescer ao seu redor; não se deixem contaminar pelo ódio, transformando-se à sua imagem e semelhança. Sejam do número das pessoas que se recusam a entrar no circuito do ódio, que se recusam a odiar aqueles que lhes fizeram mal, dizendo-lhes: “Não tereis o meu ódio!”
Deste modo ajudarão a parar o mal, como fez Abraão quando pediu a Deus para não exterminar os justos com os culpados (cf. Génesis t8, 23-32). Basta-lhes uma só pessoa boa, para não odiarem todas as pessoas. É quase um milagre que uma pessoa ferida, como o senhor Leniel e a senhora Noeme, possa encontrar a coragem de recusar ter ódio e o afastar do seu coração; mas é um milagre que lhe permite viver em paz e ajudar a salvar o mundo de si mesmo. Propiciadora de luz e assistência do Alto para a senhora Noeme e para o senhor Leniel Borel e quantos vivem ao seu redor, o Papa Francisco concede-lhes a Bênção Apostólica.
Valho-me do ensejo para lhe testemunhar meus sentimentos de fraterna estima em Cristo Senhor.
L. Roberto Cona
Mons. Luigi Roberto Cona
Assessor.
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