Paparazzi do esporte: cada corrida é um flash

Uma turma de fotógrafos vive de captar imagens de gente que se exercita pela cidade. O povo compra e, claro, posta

Por Paula Autran
17 jan 2025, 06h00
A advogada e corredora Danielle Lomba: “A gente brinca que são os nossos paparazzi”
A advogada e corredora Danielle Lomba: “A gente brinca que são os nossos paparazzi” (Vinicius Victor/Divulgação)
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Quem frequentou a noite carioca nos idos dos anos 2000, numa era pré-redes, deve se lembrar daquela turma de fotógrafos que vivia nas boates fazendo seus cliques como ganha-pão. Eles reuniam os registros em sites onde, quem quisesse, poderia comprar a imagem e guardar como lembrança. Aí vieram gerações mais diurnas, centradas no bem-estar, que trocam a batida notívaga por uma rotina mais matutina, incluindo práticas esportivas, muitas ao ar livre, sob a moldura dos cartões-postais cariocas. E, num movimento natural, os fotógrafos de plantão mudaram o foco. Agora, eles miram as lentes para corredores, ciclistas, surfistas, remadores, jogadores de vôlei e futevôlei, que já formam uma multidão. E o espocar das câmeras virou fenômeno novamente. “A gente brinca que são os nossos paparaz­zi, com quem sabemos que vamos cruzar em certos pontos”, conta a advogada Danielle Lomba, que corre na orla de Copacabana e costuma arrematar os registros em ação por uns 20 reais cada.

Vista Chinesa como cenário: o fotógrafo Maiko Lima clicou um grupo de ciclistas nos primeiros raios de sol
Vista Chinesa como cenário: o fotógrafo Maiko Lima clicou um grupo de ciclistas nos primeiros raios de sol (Maiko Lima; Maiko Lima/Divulgação)

Como nos tempos das boates, as fotos são disponibilizadas em portais, onde os esportistas inserem uma imagem do próprio rosto para que a ferramenta de inteligência artificial rastreie as fotografias em que aparecem. E pronto, é só clicar e comprar. Um dos primeiros a voltar a atenção para esse segmento foi a Banlek, fundada em 2020 por Jonathas Guerra e Sérgio Illa, que já conta com 3 500 profissionais associados. “Quando faço fotos em um lugar em que não conheço as pessoas, esses sites especializados facilitam muito o trabalho para poder chegar até elas”, explica Eduardo Barão, um mestre nas imagens de surfe e esportes aquáticos, captadas sobretudo nas praias da Barra e do Recreio, dentro e fora da água. Com a ajuda de drones, ele também faz filmes cheios de adrenalina.

Registros de Eduardo Barão: mestre nas imagens de surfe, captadas sobretudo nas praias da Barra e do Recreio
Registros de Eduardo Barão: mestre nas imagens de surfe, captadas sobretudo nas praias da Barra e do Recreio (Eduardo Barão; Eduardo Barão;/Arquivo pessoal)

Outros cantos da cidade onde se avistam os paparazzi são o Aterro do Flamengo e a orla da Zona Sul, onde há concentração de gente praticando as mais variadas modalidades. O segredo para uma foto dessas bem tirada? “Durante uma corrida, por exemplo, é preciso ir atrás do instante em que a pessoa dá o impulso, e não quando ela toca o pé no chão”, conta Maiko Lima, que bate ponto em Copa e também faz pacotes fechados — como na vez em que subiu a Vista Chinesa nos primeiros raios de sol junto a um grupo de ciclistas.

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Boa parte dessa turma que fica por trás das câmeras ganhou experiência em corridas de rua e outras competições, em geral nos fins de semana. De uns tempos para cá, com o crescimento das redes sociais e a popularização desses sites onde comercializam as fotos, a jornada passou a se estender à semana inteira. “Este será o verão dos fotógrafos de rua”, aposta Maiko, associado a outras duas grandes do ramo, a Foco Radical e a Fotop — esta última com mais de 5 000 profissionais cadastrados no Rio. “A nossa geração se acostumou a compartilhar nas redes o que faz. E quem treina gosta de ver a própria evolução. Um bom álbum de fotografias contribui com isso”, diz Heloiza Carvalho, gerente de marketing da Fotop, ela própria corredora. Heloiza conta que a empresa passou a investir no nicho após a pandemia, período com menos eventos que fez os fotógrafos descobrirem formas de faturar um extra. Bom para o mercado e para os cariocas, que, enquanto dão um gás na saúde, garantem muitos e muitos likes.

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