O fim do ano é o momento em que o brilho domina os looks, transformando as festas em efervescentes passarelas de tecidos cintilantes, metalizados e abundantes em detalhes reluzentes. Calma que não acabou: esse clima de réveillon vai vigorar por mais algum tempo, e não só nas noitadas de verão ou nos bloquinhos de Carnaval. O novo palco de visuais brilhantes é a movimentada faixa de areia do Leme ao Pontal, onde o que se vê são biquínis e maiôs cheios de bossa.
“O aumento nas vendas desses modelos confirma que as pessoas estão buscando a moda para extravasar um sentimento de liberdade após dois anos sob as restrições da pandemia”, avalia Mariana Moraes, diretora de marketing da C&A Brasil. O gigante do varejo levou para as araras uma minicoleção incluindo peças de crochê com acabamentos dourados e em várias tonalidades de lurex, um dos atuais preferidos à beira-mar.
A malha entremeada com fios metálicos explodiu nos anos 1970, embalada pela moda disco, inspirada em casas como a lendária Studio 54, de Nova York, reduto de artistas e fashionistas que ditavam tendências globais. Na década seguinte, ela manteve o protagonismo ao lado de tecidos chamativos como o lamê, que junto com o lurex invadiu as vitrines de grifes como Água de Coco, Miss Bikini, BlueMan, ViX, entre tantas outras, nesta temporada carioca do calor.
“O brilho representa essa vontade de celebrar a vida, que é o que todos estão querendo. Natural que, numa cidade solar como o Rio, a onda chegue às praias”, comenta Renata Americano, diretora criativa da BlueMan. A versatilidade dessas peças também é muito lembrada — com elas, segundo especialistas, dá para emendar o mergulho com um programa pós-praia esbanjando estilo. “Um maiô com um terninho ou o top do biquíni com jeans, por exemplo, podem compor looks mais urbanos”, ressalta a designer.
Os acessórios cravados nas peças, como microvidrinhos, maxiesferas douradas e discos de madrepérola, são uma atração à parte, como na coleção de verão da ViX. “O brilho pode sempre combinar com praia. O segredo é o equilíbrio sutil, encontrando a medida certa, sem pesar a mão”, recomenda a estilista Paula Hermanny, que já vestiu famosas como Gisele Bündchen, Kate Middleton, Jennifer Aniston, Grazi Massafera e outras.
Foi ela a inventora do biquíni ripple, conhecido como “empina bumbum”, com formato de coração e costura vertical na parte de trás. O modelo segue em alta nas areias cariocas, dividindo espaço com o asa-delta, importado dos anos 1980, que tem como características principais o corte ultracavado na virilha e as laterais acima da linha do quadril.
A generosa orla do Rio viu brotar não apenas o asa-delta, mas inúmeros modismos que ingressaram na história da moda praia. O Arpoador marcou a primeira aparição do biquíni (uma criação francesa) em terras brasileiras — curiosamente, no corpo de uma alemã, Miriam Etz, em 1946. Era a primeira vez que um traje de banho deixando o umbigo à mostra era visto nestas bandas. No fim dos anos 1950, vedetes como Carmem Verônica e Norma Tamar atraíam olhares de multidões com seus modelitos praianos, muito ousados para a época, em frente ao Copacabana Palace.
A garota de Ipanema Helô Pinheiro democratizou de vez o uso do biquíni na década de 60, até que no fim dos anos 70 foi aberta a primeira loja dedicada exclusivamente a ele no Brasil, a Bumbum Ipanema, onde surgiram os modelos fio dental e asa-delta. “O verão do Rio é uma instituição nacional, palco de modismos que são exportados para o mundo todo”, diz a pesquisadora e analista de moda Paula Acioli. No que depender das cariocas, não há dúvida: é hora de brilhar.
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O QUENTE DO VERÃO
Outros modismos em alta para a estação 2023
> O top meia-taça, com aros que ajudam a valorizar o busto
> Chapéus dão lugar a bonés, trazendo um ar despojado
> Pegada artesanal, com o crochê, bordados e aplicações em alta
> Peças com recortes, transparências e amarrações diferentes
> Cores quentes e alegres, a estética do brasilcore e muito neon invadem as areias