“Gira, mundo, feito pião”, lembra o samba deste ano da Beija-Flor, ao contar a história do folião alagoano Rás Gonguila, que se dizia descendente direto do último imperador da Etiópia. E nas voltas que a vida dá, a porta-bandeira Selminha Sorriso completa 35 anos enchendo a Avenida com a graça de seus rodopios – 29 deles ao lado do mestre-sala Claudinho na Azul e Branca de Nilópolis.
A afinada dupla ajudou a levar a escola a nove campeonatos. E é vestida de Dandara, a destemida soberana que comandava guerrilhas ao lado de Zumbi, que a menina de comunidade que um dia sonhou em empunhar o pavilhão de uma escola chega às Bodas de Coral neste feliz casamento com a Sapucaí.
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“Gratidão me define. A menina que começou na Unidos de Lucas está completando 35 anos numa função que é difícil, que não depende só do sonho. Depende de muitas coisas, como oportunidades, sorte, saúde, resistência, inteligência, reinvenção e um grande parceiro – que é um grande amigo, um aliado”, diz Selminha, de 53 anos, tentando não borrar a maquiagem pronta desde as 14h com as lembranças que lhe rondam a cabeça na concentração para o desfile, já às 23h: “Imagina você realizar o seu sonho há 35 anos”, disse, emocionada, ao colocar a ponteira da bandeira, em forma de beija-flor, e enrolar um terço à bandeira.
Selma de Mattos Rocha, que é bombeira, iniciou sua trajetória profissional no Carnaval em 1986, desfilando pelo Império Serrano. Começou atuando como passista, e em 1991 fez sua estreia como porta-bandeira. No ano seguinte, já ao lado de Claudinho, desfilou pela Estácio de Sá, contribuindo para a conquista do primeiro título da escola em 1992. Na Beija-Flor, além de levar a bandeira, toca o instituto que engloba os projetos sociais da escola, da qual também é diretora cultural. “Meu compromisso é cada vez maior”, diz, sempre de sorriso aberto.