Uma música lançada em 1964 anos sem muito sucesso acabou viralizando 58 anos depois. E tudo começou entre usuários do TikTok na Rússia. No Brasil, o refrão já é conhecido por muitos usuários das redes sociais: “Garoto abandonado, na Bahia / É capitão de areia, é capitão de areia, é capitão de areia”.
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Inspirada pelo livro quase homônimo de Jorge Amado, Capitão de Areia foi composta por Oswaldo Matheus e Zé do Violão e gravada por Agenor Ribeiro, então com 12 anos. O Correio da Bahia conversou com o cantor, hoje maestro e professor aposentado, que se surpreende com a repercussão da música 58 anos depois.
O sucesso tardio começou com um remix de Afterclapp, projeto do DJ brasileiro Rodrigo Vellutini, postado por ele há quatro anos em plataformas como o Soundcloud, onde já possui mais de 2 milhões de plays. Uma das versões da música no YouTube já tem mais de 8 milhões de streams.
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Em fevereiro de 2019, o gamer russo Marmok, com 17 milhões de inscritos no YouTube, usou a faixa como trilha de um um trecho de vídeo em que joga Counter Strike (CS). Foi o suficiente para a música alcançar o topo das paradas na Rússia. A versão virou trilha para trailer de filme, luta de MMA e até imagens de guerra.
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No Brasil, outro remix da música, uma versão piseiro do grupo Furacão Hit, viralizou no TikTok e no Instagram. O vídeo postado no YouTube já tem mais de 800 mil visualizações. O sucesso da faixa levou Xand Avião a gravar uma também chamada Capitão da Areia, que traz um sampler da gravação original.
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Nascido no Rio, em 1952, Agenor Ribeiro cresceu em Três Rios (RJ), na divisa do Rio com Minas. Aos 9 anos, virou o cantor principal do conjunto de baile Klaf, substituindo Carlos Alberto, chamado de O Rei dos Boleros. Ele começou a cantar depois de vencer um concurso de imitadores do Palhaço Carequinha.
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Carlos Alberto depois o levou para a gravadora Philips, onde lançou um compacto que trazia no lado A Natal de um Menino Pobre, cantada por Agenor e Iza Maria, e no B, o disco que tinha Capitão de Areia. João Araújo, pai de Cazuza, e então diretor da Philips, morto em 2013, dirigiu a gravação, em de julho de 1964, além de ter sido responsável pela contratação de Agenor (que, aliás, tinha o mesmo nome de seu filho). Os arranjos e a regência da orquestra foram do maestro Guerra-Peixe.
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O menino prodígio seguiu cantando, tendo participado de programas no rádio (chegou a cantar aos domingos no programa do ator Paulo Gracindo) e na TV. Dos 14 aos 17 anos, voltou a se apresentar com conjuntos de baile. Aos 18, assinou contrato com a gravadora CBS, cantando músicas de Jovem Guarda, adotou o nome artístico Marcello e chegou a ser chamado de O Novo Roberto Carlos pela imprensa.
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Em 72, entrou para o Exército, onde integrou a banda de música. Em seguida, fez parte do coro da Orquestra Sinfônica Nacional. Fez faculdade de Música para e virou professor de Teoria Musical, tanto na Ufrj quanto na Escola Municipal Itália, em Rocha Miranda, na Zona Norte, onde Anitta estudou. “Pra dizer a verdade, nem sei se ela cantou no coral, porque ela era muito diferente”, disse ele ao Correio da Bahia.
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Aposentado, hoje Agenor vive em Vitória (ES), onde tem um estúdio em casa e continua compondo. Em 2020, contraiu covid e ficou internado por 15 dias, chegando a ser intubado. Aos 70 anos, ele acredita que sobreviveu para testemunhar o sucesso um tanto tardio da música.
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