No início do ano, Preta Gil se preparava para tomar as ruas do Centro do Rio com o seu tradicional bloco de Carnaval, quando o diagnóstico de câncer no intestino e o início do tratamento a fizeram cancelar tudo. Essa foi a primeira de uma série de mudanças de planos pelas quais a cantora passou ao longo de 2023. Sempre de cabeça erguida, ela compartilhou agruras e pequenas conquistas com os fãs através das redes.
Em março, uma infecção generalizada a deixou entre a vida e a morte e, ainda na UTI, enquanto se recuperava dos efeitos da septicemia, tomou a decisão de terminar o casamento de oito anos e descobriu, pouco depois, que estava sendo traída. A sucessão de baques só foi superada graças a uma essencial rede de apoio, formada por amigos e familiares. “Não entrei em depressão porque em nenhum momento desisti de viver. Sem preconceito, recorri a remédios psiquiátricos e a terapias convencionais e holísticas”, contou a VEJA a filha de Gilberto Gil.
Ao expor ao público suas cicatrizes — literais e figuradas —, a carioca de 49 anos semeou empatia e arrebatou uma torcida feminina que experimentou dramas parecidos. Pesquisas apontam que há 20% de chance de mulheres se separarem durante um tratamento oncológico, ao passo que para os homens o índice é de apenas 3%.
Em agosto, depois de cirurgia para retirada do tumor, Preta anunciou que está livre de células cancerígenas e, no final de novembro, passou por um procedimento de religação do canal digestivo. Agora, já está com a cabeça em fevereiro, mesmo que tenha que fazer ajustes para encarar a festa momesca, devido às restrições médicas. “Depois de passar por tudo o que passei, só quero celebrar o meu Carnaval da cura”, diz.
Moradora do Joá, ela planeja ter tempo para alegrias simples, como a de um mergulho na piscina com vista para o mar acompanhada da neta, Sol de Maria, de 8 anos. “Preciso ter saúde para vê-la crescer”, afirma, com valentia.