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Cervejinha

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Da produção aos estilos, tudo que você precisa saber sobre o universo das cervejas especiais, por Carolina Barbosa
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Cervejaria Wäls inaugura novo complexo em Belo Horizonte

Com 1900 metros quadrados, o Ateliê Wäls, instalado em um mirante na capital mineira, reúne barris para maturar cervejas, restaurante e loja

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 jun 2017, 00h05 - Publicado em 5 jun 2017, 21h09
A fachada do Ateliê Wäls: construção tem vista para a cidade (Alexandre+Cristina Lima Fotografia/Divulgação)
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Encravado no topo do Mirante Olhos D’Água, na capital mineira Belo Horizonte, e emoldurado por cenários verdes, repleto de cadeias de montanhas, o complexo arquitetônico já impressiona. Erguido com elementos como madeira, vidro e concreto, o projeto assinado pelo arquiteto Gustavo Penna, autor de criações como o Centro de Convenções do Inhotim e o novo Estádio do Mineirão, mais parece uma obra de arte ou, em outras palavras, um museu contemporâneo dedicado à cerveja. Por seus 1900 metros quadrados espraiam-se ambientes modernos e conectados, a exemplo de loja, local para degustação, adega, escritório, restaurante e área externa com food trucks. Aberto ao público na última sexta (2), o Ateliê Wäls, como foi batizada a nova empreitada, chega ao mercado cervejeiro nacional com uma proposta inédita: ser um centro de inovação no setor.

Concebido para envelhecer receitas da marca mineira, o local recém-inaugurado já surgiu anunciado como o maior “barrel room” da América Latina. Não sem razão:  suas centenas de barricas de madeira (são cerca de doze variações, no total), que vão desde carvalho francês e americano até a brasileira umburana, têm capacidade para envelhecer mais de 100 000 litros da bebida.  Entre os “berços etílicos” das preciosidades, há exemplares garimpados por valores entre 2 000 e 3 000 euros. Muitos deles já armazenaram previamente uísque, vinhos, bourbon, cachaça e conhaque, outros são novos, e há versões específicas para cervejas ácidas. “As barricas de French Oak estão entre as mais raras que trouxemos. São utilizadas na produção de vinhos da região de Bordeaux, na França”, conta José Felipe Carneiro, à frente do projeto com o irmão, Tiago.

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Os irmãos Tiago e José Felipe: à frente do negócio (Alexandre+Cristina Lima Fotografia/Divulgação)

Desde que a Wäls foi adquirida em 2015 por cifras não reveladas pela Ambev (controlada pelo conglomerado AB InBev), os irmãos Carneiro percorrem fábricas mundo afora em busca de novidades no segmento. De lá para cá, entre os feitos, a cervejaria, com sede no bairro de São Francisco, criou rótulos para o Inhotim, que relacionam a bebida à arte, ganhou mais projeção internacional e foi eleita recentemente a melhor do Brasil pelo RateBeer, maior ranking cervejeiro do mundo. Ao design da nova empreitada foram incorporados materiais do dia a dia da cervejaria, a exemplo de garrafas, bolhas, barricas, além de elementos feitos à mão, e equipamentos que receberam intervenções do artista plástico Humberto Hermeto. Sobre o extenso balcão vermelho do restaurante, cuja coloração foi inspirada na receita IPA, corre uma cortina com 135 000 rolhas. “Sempre me intrigou o fato de as experiências no universo dos vinhos serem superelaboradas e pensei que isso deveria ser replicado no meio cervejeiro”, explica Tiago Carneiro. “No fim da década de 90 e início dos anos 2000, tivemos a revolução do processo cervejeiro, com novas técnicas de refermentação. Inovamos ao utilizar ingredientes nacionais nas receitas. Agora, apostamos em uma evolução e queremos fazer isso junto com os nossos consumidores, em uma plataforma aberta e inovadora, chamada Ateliê Wäls”, completa ele, referindo-se ao fato de que em breve o complexo possibilitará a criação de fórmulas colaborativas e até produzidas a partir de sugestões dos clientes.

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A cortina de rolhas e o monumental balcão vermelho: atrações locais (Alexandre+Cristina Lima Fotografia/Divulgação)
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Em funcionamento de terça a domingo, o Ateliê Wäls dispõe de 21 torneiras de chope, algumas delas com opções exclusivas, produzidas lá mesmo e servidas on tap para harmonizar com pratos do menu da cozinha. Nesta primeira semana jorram das bicas dez criações: Isabella Baby (Session IPA), Black Lamb Cocoa (Hop Porter / Pre Prohibition Porter), Wáraná Maues (India Pale Larger), Gáteau Imperial (Russian Imperial Stout), Fat Lamb – We have peanut! (Wee Heavy), George Little King (Double IPA), TT Saison (Farmhouse Ale), criada em parceria com o chef Thomas Troisgros, Véu da Noiva (Session Haze / Session IPA), Worm Lamb Rye (Storm IPA / Estilo Rye IPA) e Serra do Curral (Triple IPA). Ao visitar as instalações, o público pode circular entre as barricas e ver de perto a sala de produção, subir à adega projetada para abrigar 20 000 garrafas de cerveja champenoise, e comprar produtos como camisas, taças e growlers. À disposição dos frequentadores estará ainda um tour guiado e gratuito, em horários pré-definidos, tanto durante a semana como também nos fins de semana.

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Detalhe do balcão:  21 torneiras e receitas para harmonizar (Alexandre+Cristina Lima Fotografia/Divulgação)

Fundada em 1999 pelo casal Miguel e Ustane, pais de Tiago e José Felipe, para fornecer bebida à rede de fast-food da família, intitulada à época Bang Bang Burguer, a Wäls seguiu em frente como o foco principal dos Carneiro depois que uma crise na cadeia de lanchonetes obrigou-os a fechar várias unidades. Entre participações iniciais em eventos universitários e festas de amigos, os fundadores foram tomar aulas com referências no ramo, como Tácilo Coutinho, um dos pioneiros na produção de cervejas especiais no país, morto em 2009. Formado em engenharia de alimentos, o primogênito Tiago, 34 anos, tornou-se um impecável administrador de empresas, com tino para controlar todos os gastos e saber exatamente onde apostar no segmento cervejeiro. Já seu irmão caçula, José Felipe, hoje aos 31 anos, com formação em relações públicas, envolveu-se com o marketing da empreitada e revelou-se um talentoso e criativo mestre-cervejeiro ao desenvolver receitas com especiarias e outros ingredientes aromáticos que agradaram jurados de importantes competições. Nesse sentido, em 2014, um passo largo foi dado: a receita do estilo Belgian-Style Dubbel foi laureada com a medalha de ouro no World Beer Cup, torneio americano disputado por mais de 1 400 marcas e considerado a Copa do Mundo do setor, tendo sido a primeira marca brasileira a conseguir tal façanha.

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A partir daí as condecorações do que eles costumam chamar de “obras-primas” engarrafadas não pararam. São dezenas de prêmios acumulados e lançamentos diversificados, como o MadLab, uma espécie de clube de assinaturas em que os 2 000 sócios recebem criações exclusivas. Nos próximos passos do negócio está a disponibilização de uma plataforma digital onde seus fiéis consumidores poderão contribuir com sugestões de receitas. “Se lá no início dos anos 2000 falávamos em explorar estilos e rótulos, hoje a evolução cervejeira integra arquitetura, arte e conceito multidisciplinar, com foco em experiência”, ressalta José Felipe. A julgar pela beleza e magnitude, o complexo tem tudo para se firmar como uma das atrações mais visitadas na rota turística belo-horizontina.

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O projeto da loja: camisas, taças, rótulos, growler e outros produtos da marca à venda (Alexandre+Cristina Lima Fotografia/Divulgação)

Serviço:

Ateliê Wäls: Rua Gabriela de Melo, 566 – Olhos D’Água, Belo Horizonte. Funcionamento: terça a sexta, 17h até meia-noite. Sábado, 11h até meia-noite; e domingo, 11h às 19h. Informações pelo (31) 3197-2450.

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