Antes do início oficial dos trabalhos, a mascote Vinicius passou o bastão com bom humor: desfilou pelo Maracanã com um vestido semelhante ao usado pela modelo Gisele Bündchen na cerimônia de abertura da Rio 2016. A vez agora é de seu parceiro Tom. Na última quarta, 7, o estádio voltou a se encher de sons, luzes e cores na celebração do começo dos Jogos Paralímpicos do Rio. O espetáculo ofereceu uma bela lição de vida às 50 000 pessoas presentes — e às que acompanharam a surpreendentemente modesta cobertura televisiva. Fogos, coreografia e a participação de atrações musicais, do bamba portelense Monarco ao pianista João Carlos Martins, compuseram com profissionalismo o cardápio esperado. O toque original foi notado durante a montagem de um mosaico, em forma de coração, composto de retratos dos paratletas. A obra criada pelo artista plástico Vik Muniz pulsou, animada por projeções de luz, lembrando o slogan da noite: “Todos temos coração”. E todos, seguramente, bateram acelerado quando Aaron Wheelz, de capacete e cadeira de rodas, deslizou por uma ladeira de 17 metros de altura antes de voar pelos ares. Ou quando a exuberante Amy Purdy, americana e paratleta como ele, brilhou dançando sobre próteses em encantador pas de deux com um robô industrial. Ex-paratleta brasileira, participante dos Jogos de 1984, Márcia Malsar caiu ao carregar a tocha e, aplaudida de pé, levantou-se sem ajuda para continuar sua missão. Coube ao nadador Clodoaldo Silva, dezesseis medalhas conquistadas, a honra de acender a pira. No caminho, ele, na cadeira de rodas, deparou com uma escadaria que, após algum suspense, se transformou em rampa. Estava dado o recado: sim, nós somos todos iguais, com um coração no peito, e podemos. Basta querer.