É difícil explicar como um passageiro esquece os dentes em um vagão, mas a dentadura é um dos artigos mais encontrados, sem seu dono, é claro, no metrô. Objetos tão inusitados e difíceis de serem esquecidos como este vão direto para a central de achados e perdidos da empresa. Os funcionários encontram, por semana, 120 itens nas 35 estações, nos trens e nas linhas de ônibus de integração. Desde que o MetrôRio assumiu a concessão do serviço, em 1998, cerca de 24 000 objetos já foram encontrados. Entre os mais recorrentes estão guarda-chuvas, documentos, livros, casacos, óculos, bijuterias e carteiras. Alô, Rodrigo Luis Souza Santos, a sua carteira, com nota de um dólar, está à sua espera.
As esquisitices costumam causar o maior burburinho entre os funcionários. É o caso de tábua de passar roupa, da televisão de 14 polegadas, da pintura à guache de D. Pedro I, e do caderno de Direito Civil com anotações em suas 400 folhas. Todos os itens foram deixados para trás pelos donos ainda neste ano. O depósito já recebeu até mesmo uma mala lotada de filmes pornôs, que continuou abandonada.
A síndrome dos esquecidinhos acomete também as barcas e os ônibus da cidade. Dia desses, alguém foi pegar onda e deixou a prancha de surfe na linha da Real Auto Ônibus que vai da Ilha do Governador à Barra. A empresa especula até mesmo milagres, como o da pessoa que largou um par de muletas no veículo. Tem também álbum de casamento e aliança abandonados – frutos de uma separação complicada, talvez?
Nas barcas, que ligam o Rio a Niterói, a história se repete. São encontrados, em média, dez objetos sem dono diariamente. O setor de achados e perdidos da empresa abriga, atualmente, 100 itens. Sete pessoas por dia procuram o Atendimento ao Usuário em busca do tesouro perdido, mas apenas três objetos são devolvidos aos seus responsáveis. Os mais comuns também são documentos, óculos, peças de roupa e guarda-chuvas, além de chaves e celulares. Nos últimos dias, chamaram a atenção pertences como uma mala de viagem com estoque de queijos e frios e um equipamento utilizado pelos agentes públicos no combate à dengue – uma espécie de pistola que libera o fumacê para matar o mosquito.
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