Imagina estar hospedado em um hotel, precisar sair do quarto e,quando retornar, encontrar a porta trancada devido ao não pagamento de sua acolhida. Isso é o que aconteceu no mês passado, em Jerusalém, com um grupo de cerca de 18 médicos cariocas que havia feito as reservas através da agência Sky Turismo, dos sócios Carlos Eduardo e Tânia Kligerman, que desde então vem acumulando graves reclamações nas redes sociais. “Foi um constrangimento muito grande. Nossos pertences ficaram trancados no quarto e tivemos de pagar novamente as reservas”, lembra uma das médicas do grupo, a endocrinologista Mônica Wolff, que ainda revela que uma integrante sequer chegou a viajar pois o valor pago da passagem não foi repassado à companhia aérea.
Atuando no mercado de viagens há 37 anos, a empresa, que é especializada em pacotes para Israel, está sendo acusada de estelionato por mais de 40 pessoas – grande parte delas da comunidade judaica carioca – que alegam desde o atraso ou não pagamento de suas viagens junto às operadoras até a emissão de bilhetes falsos. Segundo Carlos Eduardo Kligerman, o episódio com os médicos foi um fato isolado devido a um erro de comunicação entre a agência e o hotel. No entanto, ele nega todas as demais acusações, as quais classifica como “ataques irresponsáveis”: “Nosso clientes estão cancelando suas compras por causa destes falsos boatos e já acionamos nossos advogados contra estas calúnias”, diz ele.
Em setembro do ano passado, o aposentado Valter Costa comprou um pacote de R$ 32 mil para uma viagem à Terra Santa em junho. O cheque com o valor que incluía passagens aéreas e hospedagens foi entregue à operadora, mas os bilhetes e reservas não chegaram na data prometida. Após procurar a empresa várias vezes sem sucesso, Valter lamenta: “Minha esposa teve câncer, foi curada e a viagem seria para pagar uma promessa que ela havia feito. Estamos muito decepcionados”.
Já a empresária Ana Iara adquiriu, em outubro do ano passado, bilhetes para Boston datados para maio. O motivo era o aniversário e a formatura de seu único filho, que vive nos Estados Unidos. Após a entrega da reserva no mês seguinte, Ana foi conferir o acerto junto à operadora de voo (American Airlines) e descobriu que o código era inexistente. Ela então procurou a agência de turismo, que alegou o erro de uma funcionária e entregou um novo código com uma nova data para o recebimento do bilhete, que até hoje não foi entregue. “Tive um prejuízo de R$ 18 mil”, revela Ana.
Na semana passada, oito reclamantes registraram ocorrência na 16ª DP (Barra da Tijuca). De acordo com o advogado Daniel Klein, a Sky Turismo ainda sofre ação de diversas empresas por falta de pagamento dos compromissos. “Vários clientes foram lesados e agora estão se unindo. Quando um caso veio à tona, muitos outros apareceram.”
Em sua defesa, Kligerman alega que todas as reclamações são referentes a passagens que seriam pagas em datas próximas às viagens e desmente os clientes dizendo que nunca deixou de realizar o débito junto aos fornecedores.