Alex Mesquita está na pista. Eleito três vezes o melhor barman da cidade, segundo o júri da edição especial COMER & BEBER, publicada por VEJA RIO, o talentoso mixologista deixou na última sexta-feira (27) o balcão do Paris Bar, situado no suntuoso palacete da Casa de Cultura Julieta de Serpa, no Flamengo, onde estava desde 2012. Entre os protagonistas de uma recente revolução na coquetelaria carioca, responsável por colocar o Paris no mapa dos melhores drinques da cidade, o bartender, que acabou de lançar a nova carta da casa, em parceria com o pupilo Daniel Milão, alega divergência de ideias com a diretoria, mas diz que a ruptura foi tranquila e deve seguir como conselheiro do bar, ajudando Milão na transição. Ele agora planeja dedicar-se totalmente a consultorias e projetos especializados, enquanto procura um novo balcão – ou um bar para chamar de seu -, como conta com exclusividade a Veja Rio.
Por que você saiu do Paris Bar?
Comecei a dedicar parte do meu tempo às minhas consultorias, pelo fato de estar apenas três dias no Paris. Essa aproximação com os chefs foi muito importante, mergulhei de cabeça em eventos, dividindo o balcão com outros bartenders, e a casa começou a sentir que eu estava criando outro projeto em paralelo, apesar de estar sempre envolvendo o Paris. Eles queriam que eu estivesse mais presente no bar, mas não consigo acompanhar toda essa revolução de fora sem fazer parte. Atribuo minha saída a isso. Agradeço muito ao Carlos Alberto Serpa e os outros sócios, que sempre me apoiaram e me deram liberdade para criar, mas têm uma tradição mais conservadora. Vivo um momento pleno de crescimento na minha carreira e eles não entenderam isso. Chegamos à conclusão de que cada um tinha que seguir seu caminho, que estávamos indo para direções diferentes. Estamos encerrando um ciclo, mas eles querem continuar com o que plantei, dando uma oportunidade para o Daniel (Milão), e fico feliz com isso. Foi um acerto pacífico.
Quais são seus planos imediatos e para o futuro?
Pretendo continuar com consultorias e projetos envolvendo gastronomia. Muitos chefs abriram as portas para mim e essa é uma junção bacana que deve acontecer mais vezes. Estou no momento trabalhando na criação de cartas e treinamento de equipe para o Soho (restaurante japonês recém-inaugurado na Marina da Glória); o Naga, em São Paulo e no Rio (para onde acaba de elaborar uma carta de drinques a convite da sommelière de saquês Yasmin Yonashiro); o Rivalzinho e com o chef Pedro Siqueira, no Puro e em seu novo projeto, o Massa; além de um restaurante em Manaus. Em dezembro completo dezoito anos de profissão e quero continuar contribuindo para o mercado, sair, viajar, visitar bares novos.
Tem vontade de voltar a atuar em um bar ou de abrir seu próprio negócio?
Sim, espero ter uma proposta para seguir com a coquetelaria. Minha cabeça está explodindo de ideias, mas é importante para o profissional ter uma casa em que os donos acreditem e comprem a ideia, como sempre foi no Paris, apesar do desgaste no final por conta dos eventos fora. Não sei se alguma casa ou investidor vai me dar tanta liberdade como lá. Não tenho um projeto de abrir um bar, mas tenho vontade. Se receber alguma proposta – para fazer da maneira que eu acho que os clientes gostariam, não exatamente da minha maneira – eu teria interesse, sim.
Daniel Milão é seu discípulo e sucessor no Paris. Você apontaria outros jovens talentos nos balcões da cidade?
Daniel é minha grande aposta, ele tem personalidade e explorou comigo os novos caminhos da mixologia, mas deve seguir uma linha um pouco mais tradicional agora. O Miguel Paes, do Caverna, também é um grande talento. E o Thiago Teixeira, de quem acompanhei toda a evolução, desde quando fazia caipirinhas no T.G.I. Fridays, e que agora está fazendo um belíssimo trabalho no Mr. Lam. Essas são minhas três apostas, que prometem brilhar se os donos dos estabelecimentos continuarem dando credibilidade para que se sintam motivados.