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O fim do gargalo

A abertura de pistas laterais desafoga o intenso movimento na Via Dutra, estrada que une as duas principais cidades do país e que estava completamente saturada no trecho da região metropolitana do Rio

Por Ernesto Neves
Atualizado em 5 jun 2017, 14h09 - Publicado em 27 fev 2013, 18h47
foto Genílson Araújo
foto Genílson Araújo (Redação Veja rio/Veja Rio)
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Nos últimos anos, tornou-se um exercício de paciência circular pela Via Dutra, a artéria que liga as duas maiores metrópoles do país. Engarrafados em filas intermináveis, notadamente no trecho que passa pela Baixada Fluminense, os motoristas assistiam à piora gradual do trânsito sem poder fazer nada. Em meio ao fluxo abundante de carros, caminhões, vans e ônibus, chegavam a perder mais de uma hora para vencer os quilômetros iniciais da rodovia. No entanto, quem pegou essa estrada para viajar no Carnaval teve uma agradável surpresa ao constatar que o trânsito fluía sem maiores retenções, mesmo panorama encontrado nos dias de semana. A situação significativamente melhor deve-se à abertura de duas faixas de rolamento em cada lado da rodovia, desafogando o movimento cujo ponto crítico ocorria entre os municípios de São João de Meriti, Belford Roxo e Nova Iguaçu. Sem opção, os moradores dessas cidades se viam obrigados a pegar a via expressa em seus pequenos deslocamentos, algo que eles podem fazer agora pelas alças laterais, que somam quase 8 quilômetros. “Meu tempo de viagem diminuiu em média quarenta minutos”, conta Aldo Lopes, professor do Instituto de Agronomia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que chegava a levar três horas para vencer os 80 quilômetros que separam sua casa, em Copacabana, da faculdade, localizada em Seropédica.

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Em um estado que vê aumentar sua frota de veículos e também a afluência de visitantes, a ampliação da Dutra é uma medida fundamental para mitigar um dos piores gargalos de chegada e saída da capital, por onde circulam 160?000 veículos diariamente. No total, foram investidos 136 milhões de reais na construção das vias marginais e acostamentos. Estão incluídos entre as benesses um trio de novos viadutos e três pontes, além da construção de 21 quilômetros de muros de contenção para separar o novo trecho das faixas centrais. Com inauguração prevista para agosto de 2012, a obra sofreu sucessivos atrasos. Responsável pela administração da estrada, a concessionária CCR Nova Dutra atribuiu a demora a dificuldades para desapropriar terrenos às margens do asfalto.

Com 402 quilômetros de extensão, a Via Dutra foi inaugurada em 1951. Além de agilizar a viagem entre o Rio e São Paulo, ela contribuiu para levar o progresso a determinadas regiões ao longo de seu traçado, tornando-se fundamental para revitalizar municípios que enfrentavam longos períodos de estagnação e decadência. Serviu de atrativo, por exemplo, para a instalação de polos industriais em Resende, Volta Redonda e Barra Mansa, no sul fluminense. Apesar dessa inegável importância, a estrada deteriorou-se e seus problemas, como o excesso de buracos, a sinalização insuficiente e o trânsito saturado, passaram a ter destaque. A Dutra ficou famosa também por ter sido palco de alguns acontecimentos trágicos. Foi nela que uma colisão contra um ônibus matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 1976, e um acidente vitimou o cantor Francisco Alves, em 1952.

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foto Fernando Frazão
foto Fernando Frazão ()

Somente em meados dos anos 90, quando a estrada foi incluída no programa de privatização de rodovias federais, o cenário melhorou. Livre das amarras da burocracia estatal, a Dutra, desde então, já recebeu 8,5 bilhões de reais de investimentos e tornou-se uma das melhores estradas do país, com um bom número de placas indicativas, serviço eficiente de assistência ao motorista e asfalto em ótimo estado de conservação.

Ampliar e aprimorar os caminhos que ligam o Rio a outros estados continua uma tarefa desafiadora. De acordo com relatório da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgado em 2012, serão necessários investimentos da ordem de 2,7 bilhões de reais para acabar com todo tipo de nó que tanto inferniza quem utiliza as estradas de acesso à capital fluminense. A ANTT identificou os três maiores estorvos nessas vias: a própria Dutra, na altura da Serra das Araras, a Ponte Rio-Niterói e a estrada que liga o Rio a Petrópolis. No que diz respeito às duas últimas, a expectativa é que haja um desafogo com a conclusão das obras do Arco Metropolitano, prevista para dezembro. Com 145 quilômetros de extensão e uma rota por fora da capital, o arco liga o município de Itaboraí ao Porto de Itaguaí, integrando as áreas do polo petroquímico do Comperj ao polo gás-químico de Duque de Caxias. Tudo bem que vir ao Rio pode valer qualquer sacrifício, mas não que isso seja necessário.

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