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Anielle Franco demite assessora que ofendeu torcedores do São Paulo

Marcelle Decothé, responsável por Assuntos Estratégicos do Ministério da Igualdade Racial, chamou torcida sãopaulistana de 'descendente de europeu safade'

Por Da Redação
27 set 2023, 15h36
Marcelle-Decothe-chefe-assessoria- especial-Assuntos- Estratégicos-Ministério-Igualdade- Racial-exonerada
Marcelle Decothe: mestre em Políticas Públicas e Direitos Humanos pela UFRJ e doutora em Ciências Sociais pela UFF recebia salário de 17 mil reais. (Instagram/Reprodução)
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Após usar seu perfil no Instagram para ofender a torcida do São Paulo, a chefe da assessoria especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Igualdade Racial, Marcelle Decothé foi exonerada nesta terça (26) pela ministra Anielle Franco. Ativista de direitos humanos, Marcelle chamou os sãopaulinos de “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade. Pior tudo de pauliste” em um story no Instagram com foto dos torcedores no estádio Morumbi, onde no domingo (24) o time pela primeira vez se sagrou campeão da Copa do Brasil, em jogo contra o Flamengo. A servidora pública esteve lá junto com a chefe da pasta.

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A publicação gerou indignação entre torcedores do São Paulo e o presidente do clube, Julio Casares, comentou o episódio na mesma rede social. Ele afirmou ter sido “surpreendido negativamente com um ultrajante post” da assessora do Ministério da Igualdade Racial. “Algo que vai contra todas as nossas crenças. Em pouco mais de dois anos e meio de gestão, tivemos sempre uma preocupação com a igualdade. Nosso lema é, e sempre será, de que o São Paulo Futebol Clube é de todos, sem haver discriminação de raça, gênero, social ou de qualquer forma”, disse Casares, citando medidas de enfrentamento ao racismo tomadas pelo clube. Casares também contou que Anielle Franco, que é flamenguista, entrou em contato com ele e pediu desculpas pelo ocorrido. Na ocasião, ele afirmou aguardar “providências” do ministério.

Anielle Franco viajou, com uma comitiva em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), para São Paulo, onde participou de solenidade de assinatura de um protocolo de intenções para o combate ao racismo e promoção da igualdade racial no futebol. O protocolo foi assinado no domingo (24) pelos ministérios da Igualdade Racial e do Esporte e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A cerimônia ocorreu no Morumbi, onde ocorreu a partida entre Flamengo e São Paulo, que marcou o início da campanha “Com o racismo não tem jogo”.

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Desde fevereiro, Marcelle era chefe da assessoria especial do Ministério da Igualdade Racial, com salário de 17,1 mil reais. Mestre em Políticas Públicas e Direitos Humanos pela UFRJ e doutora em Ciências Sociais pela UFF, segundo informações publicadas em seu perfis nas redes sociais, a ativista faz parte do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em 2020, começou a trabalhar no Instituto Marielle Franco, ONG criada pela família da vereadora que foi assassinada em 2018 com seu motorista, Anderson Gomes. De 2016 a 2019, trabalhou na ONG Anistia Internacional Brasil, desenvolvendo campanhas de direitos humanos. Depois, atuou como assessora parlamentar da ex-deputada estadual Mônica Francisco (PSOL), viúva de Marielle, até 2020. Cofundou a iniciativa Pipa, organização comunitária que busca ligar entidades de filantropia com favelas brasileiras.

Em nota, o Ministério da Igualdade Racial afirmou que “reafirma seu compromisso inegociável com a promoção de direitos e com a igualdade étnico-racial, a partir de princípios como a transparência e o cuidado“. “As manifestações públicas da servidora em suas redes estão em evidente desacordo com as políticas e objetivos do MIR”, diz o comunicado.

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Confira a nota do Ministério de Igualdade Racial
O Ministério da Igualdade Racial reafirma seu compromisso inegociável com a promoção de direitos e com a igualdade étnico-racial, a partir de princípios como a transparência e o cuidado.

Com nove meses de atual gestão e um legado de luta de muitas e muitos que constroem as políticas de enfrentamento ao racismo no país, reerguemos a agenda de ações afirmativas e colocamos em prática medidas fundamentais de inclusão e valorização da população negra.

Esta é uma luta que se configura como compromisso de governo e política de Estado, por isso seguiremos realizando as transformações sociais que a sociedade brasileira e os povos negros, quilombolas e ciganos almejam, prezando pela boa conduta das servidoras e servidores que compõem o nosso quadro.

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De acordo com esses princípios, e para evitar que atitudes não alinhadas a esse propósito interfiram no cumprimento de nossa missão institucional, informamos que Marcelle Decothé da Silva foi exonerada do cargo de Chefe da Assessoria Especial deste Ministério na data de hoje. As manifestações públicas da servidora em suas redes estão em evidente desacordo com as políticas e objetivos do MIR.

Recém-instalado pelo Ministério, o Comitê de Integridade, Transparência, Ética e Responsabilização – instância interna de debate e deliberação sobre situações que envolvam temas de transparência, integridade pública, ética e questões disciplinares de caráter abrangente – vai investigar o caso e atuar para prevenir ocorrências que contrariem os princípios norteadores da missão do Ministério.

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