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Atalho para o Oscar

O Anima Mundi, que começa na sexta (13), ganhou tanto respeito lá fora que agora poderá indicar filmes à estatueta

Por Lula Branco Martins
Atualizado em 5 jun 2017, 14h28 - Publicado em 11 jul 2012, 18h05
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  • Alinhado hoje em dia com os cinco mais importantes eventos de animação do planeta, o Anima Mundi chega à sua vigésima edição cheio de novidades. O festival, nascido carioca em 1993 e mais tarde expandido para São Paulo, pela primeira vez servirá de ponte para o Oscar. Tendo conquistado ao longo dos últimos anos o respeito no metiê dos animadores estrangeiros, e dada sua repercussão internacional, o evento passa a ter o direito de indicar um pré-candidato à corrida pela cobiçada estatueta – privilégio do curta que se sagrar campeão da mostra competitiva. A disputa tem início na próxima sexta-feira (13), quando começam a ser exibidos, no CCBB e em mais cinco salas, os 470 filmes selecionados para a festa, entre 1?600 inscritos (a programação completa e os endereços estão no site de VEJA RIO). São produções vindas de países como França, Alemanha e Dinamarca, e mais uma vez haverá espaço para fitas de nações da antiga Cortina de Ferro, como Polônia e República Checa, berço de profissionais talentosos, que costumam se utilizar das mais variadas técnicas. Síria e Tunísia serão os estreantes do ano.

    Veja aqui a programação completa do evento

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    Além do sonho de virarem “oscarizáveis”, os autores brasileiros participantes do Anima Mundi têm neste ano um motivo a mais para torcer: a batalha pelo Prêmio Carlos Saldanha. Não se trata de um troféu, e sim de uma recompensa financeira, de valor ainda não definido, a ser oferecida à melhor animação nacional. O próprio diretor (carioca radicado nos Estados Unidos, que estourou com A Era do Gelo e dirigiu Rio) já tem em mãos os concorrentes, mas o anúncio do vencedor será feito só no fim da fase paulistana do festival, no dia 29. Outro brasileiro que anda fazendo sucesso no exterior, o gaúcho Rodrigo Teixeira vai palestrar sobre o uso de 3D nas animações – nos créditos de A Invenção de Hugo Cabret, premiado longa de Martin Scorsese, ele aparece como diretor de efeitos visuais. Entre as celebridades estrangeiras desta edição, o destaque é o americano Adam Pesapane, conhecido como PES e famoso por animar objetos do cotidiano, como panelas e talheres, com humor e ironia. Os organizadores apostam ainda que uma das mesas mais concorridas será a do escritor Roger Horrocks, biógrafo do neozelandês Len Lye (1901-1980), pioneiro da arte gráfica, com seus filmes sem história, quase sempre coloridos, tais como um caleidoscópio musicado.

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    Se atualmente há uma dezena de convidados que vêm de fora, no início da década de 90 isso era algo muito mais raro. No primeiro Anima Mundi, o holandês Paul Driessen foi a estrela solitária do evento, que contava com um público bem menor e ainda sofria reflexos da parca produção brasileira da época ? o setor estava praticamente em recesso desde meados da era Collor, quando a Embrafilme foi fechada (confira no quadro a comparação entre a edição inicial e a atual). Neste ano, os destaques estrangeiros são os curtas Head over Heels, do inglês Tim Reckart, e Noodle Fish, do coreano Kim Jin Man, feito totalmente com macarrão.

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    Embora as transformações desde os primórdios sejam gritantes, um detalhe permanece: o quarteto que criou a mostra se mantém unido. Aída Queiroz, César Coelho, Léa Zagury e Marcos Magalhães, que lá estavam, num esquema quase mambembe em 1993, ainda hoje formam o núcleo duro da festa, tanto desempenhando o papel de curadores como cuidando da organização. Para além da burocracia, todos eles são também autores – com o curta Meow! (sobre um gatinho vidrado em propagandas de TV), Marcos ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Cannes em 1982. É ele quem fala das dificuldades que costumavam enfrentar na primeiras edições: “Muito antes da internet e dos e-mails, os filmes chegavam ao Rio de avião, em latas, e, para não haver problemas na alfândega, volta e meia pedíamos interferência dos consulados”. Pela conta deles, hoje 90% das obras exibidas no festival são finalizadas no computador e enviadas de forma digital. Fã na infância do clássico Tom e Jerry, a parceira Aída lembra que outro grande problema foi convencer as pessoas de que não havia apenas Hanna-Barbera e Disney sobre a face da Terra. “E que desenho animado era uma coisa, animação era outra”, ela reforça. Por dez dias, o público carioca poderá provar que cresceu e aprendeu as lições.

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