Católicos de todo o mundo estão com a data anotada na agenda. Em julho do próximo ano, em Cracóvia, eles vão participar da Jornada Mundial da Juventude, que reuniu quase 4 milhões de jovens em sua última edição, no Rio, em 2013. Ansiosos para reencontrarem o papa, vários cariocas já garantiram a passagem para a Polônia. Mas um grupo de fiéis da cidade, em especial, terá um guia espiritual — até, quem sabe, turístico — influente no Vaticano: o cardeal-arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta. A arquidiocese contratou uma agência de turismo para conduzir parte do clero e seus devotos num roteiro de dezessete dias só com atividades religiosas. Transporte, hospedagem, passeios e alimentação estão incluídos no pacote, que custa pouco mais de 4 000 dólares, com direito a uma espécie de pré-jornada na cidade de Braga, em Portugal, onde os viajantes conhecerão catedrais, participarão de sessões de catequese e farão visitas evangelizadoras. “Estou entusiasmado, mas, ao mesmo tempo, preocupado com a alta cotação do dólar. Agora o custo está mais elevado para os jovens que desejam viver essa experiência tão bonita”, afirma dom Orani, que não descarta a possibilidade de lançar uma campanha para financiar a viagem de alguns deles.
Instituída em 1985, pelo papa João Paulo II, a Jornada Mundial da Juventude tem como ideal promover o encontro e estimular a relação de jovens de diferentes culturas. O movimento de peregrinos católicos é marcado pela solidariedade. A maior parte deles se hospeda em colégios, ginásios e até na casa de fiéis que abrem sua residência aos visitantes. No Rio, em 2013, o evento atraiu mais de 600 000 turistas, em sua maioria mulheres, na faixa etária de 21 a 24 anos. Entretanto, o interesse pela viagem a Cracóvia não é limitado por idade. Segundo a agência Milessis Turismo, responsável pelo pacote “oficial”, o perfil dos interessados é amplo. “São majoritariamente famílias, mães e filhos, além de jovens acima de 21 anos ligados à atividade religiosa de alguma igreja”, afirma Margarete Milessis, diretora da operadora, que planeja atender um grupo de 400 pessoas. A cantora católica Erika Galhardi, 47 anos, estará entre os viajantes que farão parte desse grupo. Depois de se apresentar para o papa Francisco no Rio, ela financiou a viagem em dez vezes, em busca de reviver as emoções que sentiu na Praia de Copacabana. “Durante uma semana depois da Jornada eu continuava chorando. Viajar com dom Orani é um privilégio. Ele é um pastor atencioso e muito divertido”, diz.
Segundo dado da Organização Mundial de Turismo, ligada à ONU, todos os anos mais de 300 milhões de pessoas se deslocam pelo mundo com o intuito de explorar o turismo religioso. No Brasil, somente em 2014, 17,7 milhões viajaram pelo país impulsionados pela fé. O destino campeão foi o Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo, com 12,2 milhões de visitantes, de acordo com o Ministério do Turismo. Já na Polônia, além de participarem dos compromissos oficiais do evento, os viajantes serão levados por locais históricos da terra natal do papa João Paulo II, canonizado em 2014. As igrejas que ele frequentava, a casa onde morou e um grande santuário erguido em sua homenagem estão incluídos no roteiro. Sem contar a possibilidade de estar perto do papa Francisco, conhecido por quebrar protocolos e se aproximar dos fiéis. Por enquanto, não há nenhum encontro assegurado ao grupo oficial da Arquidiocese do Rio. “Não é porque fomos a última cidade a receber a Jornada que teremos privilégios. Mas o papa é criativo. Vai depender de uma oportunidade”, garante dom Orani.